Enfrentando a mais grave crise de seu governo, o presidente Michel Temer recebeu nesta quinta-feira (1º/jun) no Palácio do Planalto, sem registro na agenda oficial, bispos da Assembleia de Deus Ministério de Madureira. O presidente-executivo da igreja, bispo Samuel Ferreira, está na mira da Operação Lava Jato por suspeita operar esquema de lavagem de dinheiro para beneficiar o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cassado pelos pares em 2016 e preso por envolvimento petrolão, com condenação de 15 anos e quatro meses de prisão.
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O encontro extraoficial de Temer foi veiculado pelo Portal UOL. A reportagem lembra que, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio de 2016, Cunha é suspeito de utilizar conta bancária em nome da igreja para lavar R$ 250 mil, com o auxílio operacional dos lobistas Júlio Camargo e Fernando Soares – este, conhecido como Fernando Baiano, foi apontado como operador do PMDB no bilionário esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras. Delatores na Lava Jato, eles foram condenados, respectivamente, a 14 e 16 anos de prisão pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, mas tiveram penas reduzidas por terem colaborado com a Justiça.
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O dinheiro movimento por meio da conta da igreja foi, segundo investigadores, parte dos US$ 5 milhões que Eduardo Cunha recebeu como propina por viabilizar a contratação de dois navios-sonda para a Petrobras. Samuel Ferreira também está sob investigação de Sérgio Moro.
Segundo o Portal UOL, o presidente emérito da congregação e pai de Samuel, Manoel Ferreira, afirmou ao final do encontro com Temer que foi a visita ao Planalto foi “excelente”. “Viemos para fazer uma oração por ele e dizer que estamos orando e acompanhando o governo com as nossas orações. […] O sucesso dele é o sucesso de todos nós”, que relativizou a relação da igreja com Cunha. “Pessoa física, cada um cuida de si. Nós não cuidamos disso. Cuidamos de dirigir a igreja no Brasil. Não trato desse assunto. Sou bispo da igreja e trato da parte espiritual da igreja. Com relação à pessoa física, cada um responde por si próprio”, ponderou.
Já o advogado de Samuel Ferreira, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, afirmou que o caso de seu cliente é “supertranquilo e que, até por isso, não está tendo maior evolução”.
A comitiva religiosa ao Planalto contou, além de Manoel e cerca de 25 bispos, com o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que também e pastor da Assembleia de Deus, e com o presidente do PSC, pastor Everaldo.
“A audiência não estava prevista na agenda diária de Temer divulgada no site do Planalto. No entanto, a assessoria de Temer avisou sobre o evento cerca de meia hora antes do encontro. No site do Planalto, até às 18h30, a reunião de Temer com os religiosos ainda não estava incluída na agenda”, diz a reportagem do UOL,
“Auxílio extraordinário”
À frente de cerca de 8 milhões fieis em todo o Brasil, Samuel Ferreira foi um dos líderes religiosos escolhidos por Temer para celebrar um culto ecumênico no Palácio do Planalto em meados de maio de 2016, quando foi empossado na Presidência da República. O pastor é suspeito de ter cedido conta bancária da igreja para que Cunha recebesse parte de uma propina de US$ 5 milhões de contratos na Petrobras.
Em 2014, Samuel e seu pai, o ex-deputado federal Manoel Ferreira, fundador da Assembleia de Deus, apoiaram a reeleição da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, que pode ser cassada no Tribunal Superior Eleitoral a partir da próxima terça-feira (6).
Ao lado de Eduardo Cunha, Temer voou até São Paulo para agradecer pelo apoio. Na ocasião, prestou uma homenagem a Manoel Ferreira, pai de Samuel, e a Cunha, apontados por ele como “generais eleitorais” de sua terceira eleição à Presidência da Câmara, em 2008. O trecho em que o então vice dizia ter recebido “um auxílio extraordinário” de Cunha, a quem entregava “as tarefas mais difíceis”, viralizou na internet no ano passado. No vídeo, Temer diz conviver com Manoel há mais de 35 anos.
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