Na primeira reunião deste ano com o vice, Michel Temer, a presidente Dilma Rousseff recebeu um conselho, na manhã desta quarta-feira (20): ouvir mais do que falar. A reunião durou cerca de 1h15, mas os dois falaram a sós apenas nos primeiros 15 minutos. Depois, entraram os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo).
O vice sugeriu ainda que o governo seja “mais servo”, que dê menos ordens e que aceite as ideias do grupo.
Dilma disse que está reativando a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conhecido como “Conselhão”, “e o vice se colocou à disposição para ouvir empresários e viabilizar as propostas discutidas. O colegiado é composto por empresários e várias lideranças da sociedade.
Oposição
A presidente consultou Temer sobre a alternativa de chamar oposicionistas para conversar sobre saídas para a crise. No ano passado, aconteceram sondagens junto ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à presidência derrotado nas últimas eleições, em 2014, mas não houve sequência.
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O vice também sugeriu a Dilma que lesse o documento “Ponte para o Futuro”, onde o PMDB apresenta propostas para o país. Dilma respondeu que já conhecia o programa e que o enviou ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Na época de seu lançamento, o “Ponte” foi visto como sinal de afastamento de Temer do governo e do lançamento de seu nome como alternativa a Dilma.
A conversa foi descrita como “leve” e “afável” por interlocutores, com espaço até para Dilma pedir dicas de leituras para o vice-presidente. Temer sugeriu o novo romance de Umberto Eco, “Número Zero”, que fala sobre os rumos do jornalismo. Os livros “A capital da solidão” e “Capital da vertigem”, de Roberto Pompeu de Toledo, também foram mencionados pelo vice. Ambas as obras tratam da história da cidade de São Paulo.
O ministro Jaques Vagner foi o articulador do encontro. No final do ano passado, a relação de Dilma e Temer se complicou, depois do vazamento de uma carta do vice à presidente com queixas sobre posturas adotadas por ela. Os dois combinaram, depois, de manter uma relação “institucional” e que seja “a mais fértil possível”.
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