O ministro da Justiça, Tarso Genro, pôs à disposição da Justiça Eleitoral do Rio e Janeiro os serviços de inteligência da Polícia Federal (PF) e a estrutura operacional da Polícia Rodoviária Federal (PRF), com o objetivo de garantir a segurança durante o processo eleitoral. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a decisão foi tomada hoje (19), depois da reunião de pouco mais de uma hora entre Tarso, o presidente da corte, ministro Carlos Ayres Britto, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Alberto Direito – que morou no Rio e conhece a situação da cidade.
O tema da segurança durante a campanha eleitoral no Rio ganhou força depois de que investigações de órgãos de segurança pública do estado descobriram que milícias e traficantes estariam coagindo eleitores a votar nos candidatos "eleitos" pela criminalidade. Além disso, os grupos criminosos estariam intimidando e ameaçando candidatos que se aventuravam em campanhas nas comunidades dominadas pela criminalidade.
De acordo com Ayres Britto, que não falou com a imprensa após a reunião (deu curta entrevista apenas à comunicação do TSE), antes do envio das forças federais para o estado a corte espera uma espécie de mapeamento do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) sobre as áreas mais vulneráveis à criminalidade e à coação eleitoral. A partir desse estudo é que será definida a atuação das polícias, determinando-se onde, quando e como será feito o reforço na segurança.
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"Em suma, o que nos cabe agora é mapear áreas, identificar alguns pontos de maior fragilidade, focos que sofrem uma influência mais forte desse dois segmentos que nos preocupam, pelo modo de atuação junto às comunidades mais carentes e necessitadas da presença efetiva do estado", disse Ayres Britto, referindo-se à milícias e aos traficantes. O ministro garantiu que "o processo que se desencadeou vai bem" no sentido de impedir o fenômeno dos "currais eleitorais", que é justamente a manipulação da vontade popular na hora do voto.
Ayres Britto fez questão de reforçar o caráter sigiloso do voto e da inviolabilidade das urnas – o que é negado pelos criminosos para dizer que podem monitorar o voto do cidadão carente. "Tenho reiteradamente dito: as urnas são seguras, o voto é secreto, o conteúdo dele é indevassável. É impossível conhecer quem votou em quem", assegurou o ministro, dizendo para os eleitores ficarem "tranqüilos" e "se sentirem seguros". "A soberania do voto será exercida em plenitude."
Os ministros da corte já admitiram a intensidade do problema no estado fluminense, em que diversas comunidades carentes e favelas são dominadas pelo narcotráfico e pela ação das milícias – tropas paramilitares a serviço de grupos dominantes. Segundo Ayres Britto, tanto o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, quanto do presidente do TRE-RJ, desembargador Roberto Wider, manifestaram apoio às resoluções do TSE acerca das garantias ao pleno exercício eleitoral no Rio. (Fábio Góis)
Matéria atualizada às 20:19.
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