O sub-relator de Fundos de Pensão da CPI dos Correios, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), disse hoje que a sub-relatoria está investigando aplicações do fundo Real Grandeza (fundo de pensão de Furnas e da Eletronuclear) nos bancos Rural e BMG, ambos envolvidos no esquema do mensalão. A declaração do deputado foi feita durante o depoimento de Jorge Luiz Monteiro de Freitas, ex-diretor de Investimentos do fundo, à sub-relatoria da CPI.
ACM Neto explicou que, durante a gestão de Freitas na diretoria de investimentos da Real Grandeza, o fundo concentrou 54% das aplicações em certificados de depósito bancário (CDBs) nesses dois bancos. Esse percentual seria equivalente a R$ 181 milhões. O deputado detalhou as quantias, atribuindo R$ 95 milhões, até o final de 2004, ao BMG, e os R$ 86 milhões restantes ao Banco Rural. ACM Neto disse que ainda não é possível vincular essas operações ao mensalão, mas reforçou que a coincidência está sendo investigada pela sub-relatoria.
Em seu depoimento, no entanto, Freitas contestou os números apresentados pelo parlamentar. O ex-diretor disse que, em 2004, as novas aplicações da Real Grandeza em CDBs e em recibos de depósitos bancários (RDBs) totalizaram apenas R$ 6,7 milhões no Banco Rural. No BMG, o total de novas aplicações em CDBs e RDBs seria de R$ 12,6 milhões.
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Ele também negou qualquer contato pessoal entre os dirigentes do fundo de pensão e os dirigentes de ambos bancos, a não ser após a acusação de suposto envolvimento da instituição no escândalo do mensalão. ACM Neto afirmou que é difícil acreditar que a Real Grandeza poderia estar movimentando somas tão vultosas nos dois bancos sem que houvesse qualquer contato entre os dirigentes.
Avaliação de risco
O ex-diretor ressaltou que adotou uma postura conservadora durante a sua gestão, ocorrida entre julho de 2003 e agosto de 2005. Freitas destacou que os três principais bancos com os quais a Real Grandeza operava com CDBs – o Banco Santos, o Banco Rural e o BMG – receberam avaliações positivas de instituições internacionais avaliadoras de risco.
No entanto, ACM Neto contestou essa informação. Ele apresentou dados da agência Moody’s indicando que, em 2004, o Banco Rural e o BMG apresentavam risco substancial e o Banco Santos, alto risco.
A reunião da sub-relatoria prossegue na sala 19 da ala Senador Alexandre Costa, no Senado.
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