Edson Sardinha
Dono do discurso mais radical entre os seis candidatos à presidência do PT, Markus Sokol prega o rompimento imediato da aliança do partido com o PMDB e a bancada ruralista, bem como o afastamento do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
“Este é o sentido da minha candidatura a presidente do PT. Um candidato que diz claramente que não é ‘chic’ dar dinheiro ao FMI, nem manter um Meirelles no Banco Central, como tampouco se aliar ao PMDB”, afirma.
O candidato também defende um distanciamento critico entre a legenda e o presidente Lula. “Não à atitude de conveniência de quem só bate palmas, apoia o agronegócio e as isenções fiscais aos patrões enquanto grassam as demissões. Uma direção cuja atitude seja a de ouvir a base, primeiro, antes do Planalto”, declara o candidato em sua carta de apresentação.
Polonês naturalizado brasileiro e ex-integrante da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), guerrilha comanda por Carlos Lamarca nos anos 1960, Sokol concorreu sem sucesso à presidência do partido em 2007.
Integrante da corrente de extrema-esquerda “Terra, trabalho e soberania”, ele critica a forma com que o governo tem enfrentado a crise econômica. “É preciso encarar o problema de frente. Não é nos tapetes do G-20, braços dados com Obama, que está a solução. É preciso romper com a política que joga as “soluções” nas costas dos trabalhadores”, afirma.
Sokol condena a política do governo federal de conceder crédito e subsídio público para grupos privados em crise e prega a reestatização de empresas como a Vale, a Embraer, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Usiminas, além da completa estatização da Petrobras.
Leia a íntegra da apresentação de Markus Sokol
“Markus Sokol,
Por uma política petista para o PT,
Terra, trabalho e soberania
O Partido dos Trabalhadores precisa de uma direção com outra atitude face ao governo do PT. Uma atitude autônoma, sintonizada com os compromissos históricos do PT de luta pela classe trabalhadora e o interesse da nação brasileira, ainda mais nesse momento de crise capitalista.
Enfim, uma atitude petista!
Esta crise não é como dizem, apenas um produto da “ganância” – afinal, a ética dos capitalistas sempre foi o lucro.
A raiz da crise é a contradição entre as montanhas de capital acumuladas e o mercado mundial saturado que não pode realizá-las. Contradição que o capitalismo tentou contornar pela realização de lucros na especulação financeira. Foi este esquema que explodiu agora.
A OIT, a Organização Internacional do Trabalho, prevê 59 milhões de desempregados a mais em 2009, quando 200 milhões cairão na pobreza, superando vez 1 bilhão de seres humanos na miséria, segundo a FAO (ONU).
Este é o custo social da preservação de um sistema onde em poucos meses os bancos dos EUA e Europa perderam US$ 2 trilhões, enquanto mais de 100 países ficaram sem condições de cobrir US$ 700 bilhões dos US$ 3 trilhões da dívida externa que vence este ano!
Mente quem diz que uma crise destas será resolvida com uma regulamentação do mercado.
Uma coisa deve ser clara para todos: os trabalhadores não devem pagar esta crise. Por isso, a primeira providência é proteger os trabalhadores, a principal força produtiva da nação.
É preciso encarar o problema de frente. Não é nos tapetes do G-20, braços dados com Obama, que está a solução. É preciso romper com a política que joga as “soluções” nas costas dos trabalhadores.
Como no exemplo da quebra da General Motors estadunidense, onde os sindicatos são convocados para dirigir o fechamento de milhares de postos de trabalho.
Não será com empréstimos do Brasil ao FMI para engrossar o pacote do G-20 de 1 trilhão para salvar os bancos, que teremos um instrumento favorável aos povos. O FMI segue sendo FMI.
Assim, como não será mandando tropas ao Haiti que ajudaremos o povo da primeira república negra.
Para superar a crise é preciso uma verdadeira política petista que resgate 30 anos de luta do PT!
Por isso, junto com petistas de diferentes trajetórias, tenho ajudado a constituir um Fórum de Diálogo Petista, onde discutimos propostas para ajudar a luta dos trabalhadores.
Hoje, no Brasil, a questão mais imediata é a necessidade de salvar os empregos ameaçados.
Nada é mais importante para a família trabalhadora do que o emprego. 800 mil postos de trabalho cortados pelos patrões na virada do ano, não foram recuperados. E é preciso criar 1,5 milhão de empregos novos ao ano. Por isso, a taxa de desemprego cresceu.
Ora, a Medida Provisória existe para questões “urgentes e relevantes”, como esta. Então, para proteger o emprego, o presidente Lula pode e deve editar uma MP proibindo as demissões.
Afinal, grandes empresas continuam demitindo, mesmo recebendo créditos e subsídios públicos. Por isso, as empresas privatizadas que demitem devem ser reestatizadas – a Vale, a Embraer, A CSN e a Usiminas.
O emprego, hoje uma questão central para os trabalhadores e os sindicatos, deve o ser também para o seu partido, o PT.
No ano que vem teremos eleições. É certo que ninguém quer a volta da direita privatista e vendepátria.
Mas para o PT, a batalha começa agora protegendo da crise a nossa principal base social e eleitoral, os trabalhadores da cidade e do campo.
Por isso, a Reforma Agrária é uma questão central. Todos sabem que para superar a crise internacional é preciso desenvolver o mercado interno. Mas para isso, além de preservar os empregos, é preciso realizar a reforma agrária, rompendo o privilégio ao agronegócio exportador.
O PT deve abraçar a campanha pela limitação do tamanho da propriedade rural e pela atualização do índice de produtividade da terra. E defender a revogação da MP de “regularização da grilagem”, e as concessões feitas aos “ruralistas” contra a propriedade familiar, os quilombolas, extrativistas, indígenas e ribeirinhos, em detrimento da preservação do meio ambiente.
A outra questão chave para a soberania nacional é a recuperação da Petrobras 100% Estatal, com o pleno controle da reserva bilionária do Pré-Sal, como pede o abaixo-assinado da FUP (Federação dos Petroleiros da CUT) e outras entidades a Lula. Em resumo, é preciso uma política econômica soberana.
Agora que a especulação e os bancos estão em crise, questionados na matriz, no Brasil é hora de romper as exigências do FMI herdadas do governo FHC. Várias delas tornadas lei, como a mal chamada Lei de Responsabilidade Fiscal e as “Organizações Sociais”, formas de privatização do patrimônio público, que é preciso revogar.
É preciso acabar com o perverso mecanismo do superávit fiscal primário. Afinal, em 10 anos (1998-2008) fizemos cerca de 800 bilhões de superávit primário para pagar a dívida, que subiu assim mesmo quase outros 800 bilhões mais, passando hoje de 1,4 trilhão!
Esse dinheiro deveria ser destinado para o desenvolvimento e os serviços públicos, começando por recompor de imediato as verbas de 2009 cortadas do Incra, de Ciência e Tecnologia e do MEC!
É hora de questionar o próprio pagamento da Dívida. A proteção contra a turbulência pede a centralização do câmbio. É hora de uma Auditoria da Dívida, tal como feito no Equador, num movimento conjunto com a Venezuela, a Bolívia e o Paraguai.
E para batalhar por esta política soberana que o PT deve apresentar Candidatos Próprios para os Governos dos Estados também. No Rio como em Minas, em Pernambuco, n
Deixe um comentário