Em depoimento ao Conselho de Ética do Senado, os empresários Luiz Antonio e Darci Vedoin, sócios da Planam, deram detalhes sobre o suposto envolvimento dos senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) na máfia das ambulâncias.
Darci contradisse Malta ao sustentar que conheceu pessoalmente o parlamentar em 2002. O depoimento, fechado à imprensa, também complicou a situação de Suassuna. Seu então assessor Marcelo Carvalho recebeu R$ 222,5 mil dos Vedoin, mas o senador afirma que ele agia sem o seu conhecimento. Os empresários confirmaram que deram R$ 35 mil ao genro de Serys, que nega a versão.
Em acareação promovida ontem, Darci, pai de Luiz Antonio, acabou revelando não só ter sido apresentado a Magno Malta, mas almoçado com ele no restaurante do 10º andar da Câmara. O encontro, que teria acontecido em 2002, quando Malta ainda era deputado federal, teria sido intermediado pelo hoje deputado Lino Rossi (PP-MT). "Eu tinha falado que não encontrei com o senador Magno Malta, mas encontrei com o deputado Magno Malta", disse Darci.
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Magno Malta já subiu várias vezes à tribuna do Senado para se defender. Em um deles, há três semanas, jurou inocência, reclamou da falta de provas contra si e afirmou não conhecer nenhum integrante da família Vedoin.
Nos depoimentos que deram à Justiça Federal, os Vedoin disseram que Malta se comprometeu a apresentar emenda de R$ 1 milhão ao Orçamento da União, destinando recursos para a compra de ambulâncias por municípios do Espírito Santo. Em troca, queria 10% desse valor. Teria recebido um veículo – Fiat Ducato, avaliado em R$ 50 mil – como adiantamento. Depois, como não aprovou nenhuma emenda para o exercício de 2004, devolveu o carro.
O senador conta outra versão. Confirma ter usado o veículo por um ano, mas como um empréstimo de Lino Rossi, no período em que o deputado passou como apresentador da TV Record em São Paulo. O emprego teria sido conseguido por Magno Malta, que é evangélico, num momento em que Rossi, seu amigo pessoal, ficou desempregado. O senador alega que seu nome entrou na história acidentalmente.
Em outro momento de seu depoimento, Darci disse ter negociado emendas com o assessor parlamentar Marcelo de Carvalho em nome do chefe dele, o ex-líder do PMDB Ney Suassuna (PB). O senador será ouvido no Conselho de Ética na próxima terça.
Suassuna vem dizendo que o ex-funcionário usou seu nome indevidamente e anda com uma série de laudos atestando falsificação de suas assinaturas em documentos da investigação. "Se houve falsificação é porque ele mandou", retrucou Darci. Questionado pelo líder do PMDB, Wellington Salgado (MG), sobre a possibilidade de o senador não ter conhecimento das ações do assessor, o empresário foi incisivo: "Não era possível. Ele sabia sim".
Os Vedoin deram informações desencontradas sobre o envolvimento da senadora Serys Slhessarenko. Confirmaram a existência de um cheque dado por Ivo Spínola, genro de Darci, a Paulo Roberto Ribeiro, genro da senadora, que teria negociado em nome dela emendas ao Orçamento, em troca de R$ 75,2 mil em propina – sendo R$ 35 mil em dinheiro vivo. Serys nega. O cheque ainda não apareceu.
Suassuna será ouvido na próxima terça-feira
O senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator do processo disciplinar contra o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) no Conselho de Ética do Senado, marcou para a próxima terça-feira (12/9) a oitiva do parlamentar paraibano. No encontro, Jefferson afirmou que não há necessidade de plano de trabalho, porque não há complexidade nas ações a serem desenvolvidas.
O pedetista também disse que já analisou o relatório preliminar da CPI dos Sanguessugas e que vai tomar o depoimento de três pessoas antes de Suassuna. Ele assegurou que, apresentará o relatório no prazo de uma semana após ouvir o ex-líder do PMDB.
Para Biscaia, empresários protegem parlamentares
Para o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), os empresários Darci e Luiz Antonio Vedoin, sócios da Planam e apontados como mentores da máfia da ambulância, estão escondendo provas do envolvimento de outros parlamentares no esquema. "Tenho mais do que convicção. Tenho certeza que os dois empresários estão escondendo provas e omitindo informações nos seus depoimentos sobre a participação dos parlamentares", destacou o petista.
Na avaliação do deputado, o depoimento dos dois ao Conselho de Ética do Senado caiu como "uma pá de cal" na defesa dos senadores acusados. Biscaia disse temer, porém, que Darci e Luiz Antonio tenham provas contra outros parlamentares e estejam escondendo os dados para proteger os congressistas ainda amigos. "Tenho certeza que tudo os que os empresários disseram é verdadeiro. Mas eles não podem sonegar novas provas", comentou.
Ontem à noite a CPI aprovou 31 requerimentos pedindo informações do governo federal sobre os convênios firmados com prefeituras que compravam ambulâncias. Entre os requerimentos aprovados estavam os que exigiam do Executivo os dados precisos sobre convênios para a compra de ônibus e equipamentos de informática, feitos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
Diante do impasse sobre quais os requerimentos apreciar, a cúpula da CPI decidiu votar apenas os requerimentos que não pediam convocação de autoridades ou testemunhas e os que requisitavam quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônicos de suspeitos.
PSB expulsa dois citados por CPI e livra outros três
A executiva nacional do PSB decidiu pedir a expulsão dos deputados federais Paulo César Baltazar (RJ) – que teve a candidatura impugnada – e Isaías Silvestre (MG) pelo suposto envolvimento de ambos na máfia das ambulâncias. O diretório nacional do partido se reunirá antes das eleições para oficializar a decisão.
O partido decidiu pelo arquivamento dos processos contra os deputados Ribamar Alves (MA), Josias Quintal (RJ) e Marcondes Gadelha (PB), por falta de provas do envolvimento deles no esquema dos sanguessugas.
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