O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (30) que na próxima semana irá cuidar da articulação para a eleição da presidência da Câmara dos Deputados. O presidente Lula confirmou que irá se reunir com o presidente da Casa, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), que tenta a reeleição, segundo informou a agência Folha Online. "Só na semana que vem", disse o presidente ao ser questionado sobre o encontro. O presidente também deve se reunir com o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato do PT à presidência da Casa.
"O Palácio do Planalto busca consenso em torno de um único nome e dessa forma evitar o chamado efeito Severino e a temível eleição de um candidato pouco afinado com o governo", diz o texto. O ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), relembra a reportagem, foi eleito para o comando da Casa, em fevereiro de 2005, em conseqüência da divisão da base aliada. Severino renunciou ao cargo depois de se envolver no chamado escândalo do mensalinho, a suposta propina paga ao ex-parlamentar por um dos donos de restaurantes da Câmara.
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Lula disse também no encontro com os jornalistas que finaliza o pacote fiscal antes de sair em férias. Segundo o presidente Lula, as diretrizes do programa devem ser finalizadas antes do descanso de dez dias.
Segundo o presidente, o pacote vai estimular o crescimento do país. "Depois da posse, vou fazer os arranjos finais nas medidas econômicas que vamos fazer. Temos que ter uma certa afinação nos projetos que vamos colocar no PPI (Projeto Piloto de Investimento) como prioritários e depois vou tirar férias", disse.
"O Planalto informou que Lula vai tirar férias entre 5 e 15 de janeiro. Ou seja, logo depois da posse de segunda-feira. Nesse período, o vice José Alencar assumirá a Presidência da República. A expectativa é que o pacote seja lançado somente depois da sua volta", explica a reportagem.
Berzoini reassume PT na quarta-feira
O presidente afastado do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), reassumirá o comando do partido na próxima quarta-feira, segundo reportagem publicada hoje (30) pelo jornal O Estado de S.Paulo. A matéria das jornalistas Vera Rosa e Tânia Monteiro explica que Berzoini conversou sobre sua situação ainda na quinta-feira (28) com o presidente Lula no Palácio do Planalto."Estava aliviado com a conclusão do inquérito da Polícia Federal, que o isentou de responsabilidade pela trama da compra do material com acusações contra tucanos", diz o texto. De acordo com o relato de auxiliares do presidente, Lula teria dito: “Você tem o direito de voltar”.
Foi o próprio presidente Lula que afastou Berzoini da coordenação de sua campanha em setembro, quando estourou a crise do dossiê. Leia o que disse o presidente afastado do PT e o restante da reportagem:
“Eu tive uma conversa muito boa com os dois presidentes, Lula e Marco Aurélio Garcia”, disse o deputado ao Estado, referindo-se ao presidente interino do PT, que lhe devolverá o cargo e continuará na assessoria de Assuntos Internacionais do Planalto. “Falamos sobre tudo, desde meu retorno à ampliação da participação social no segundo mandato”, relatou.
Sondagens
Antes da conclusão do relatório da PF, emissários de Lula chegaram a sondar petistas do antigo Campo Majoritário para a possibilidade de substituição de Berzoini, no fim de 2007, quando o PT deve antecipar a eleição direta para escolher nova direção. Ninguém aceitou.
O retorno do presidente do PT, porém, promete acirrar a luta entre correntes petistas. O mal-estar começou ontem, quando Berzoini telefonou para o secretário-geral interino do PT, Joaquim Soriano, e comunicou sua volta. “Ele vai reassumir no estertor do Campo Majoritário, sem acusação criminal, mas sem legitimidade, por defeito do estatuto”, protestou Soriano, da Democracia Socialista. Disse que não importa o resultado das investigações da PF nem a conclusão da CPI dos Sanguessugas. “Nossa crítica é porque Berzoini afirmou, diante da coordenação da campanha de Lula e da Executiva do PT, que era o responsável pela contratação dos aloprados”, insistiu.
Na prática, o acerto de contas só será feito no 3º Congresso do PT, marcado para 6, 7 e 8 de julho, quando petistas revisarão o estatuto e o ideário da legenda. Mesmo com o retorno de Berzoini, alas do PT propõem que o Congresso antecipe a eleição direta para a escolha de nova direção. Eleito em outubro de 2005 para mandato até 2008, o deputado amenizou o fogo amigo e disse não ver manobra na proposta.
Diplomatas constrangidos na posse de Lula
O formato de cerimônia da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou constrangimento ao corpo diplomático sediado em Brasília. É o que informam os repórteres Samy Adghirni e Sandro Lima na edição de hoje (30) do jornal Correio Braziliense. Segundo a reportagem, os cerca de 100 embaixadores e encarregados de negócios convidados para a posse não terão acesso ao Palácio do Planalto.
"Eles foram convidados apenas para a cerimônia no Congresso. Para piorar a situação, o Itamaraty determinou aos embaixadores que fossem ao Congresso “sem senhoras” devido à falta de espaço no local. O constrangimento dos representantes estrangeiros no Brasil ficou ainda maior quando souberam que não poderão cumprimentar pessoalmente o presidente Lula", diz o texto.
Leia abaixo a íntegra da reportagem:
Após a vitória no segundo turno, Lula cogitou dividir a festa de posse em duas datas — uma no dia 1º de janeiro e outra cerca de 15 dias depois — para que fosse possível trazer o maior número possível de chefes de Estado. Como não foi possível dividir a festa, a Presidência da República optou por não convidar presidentes, reis e primeiros-ministros devido à dificuldade imposta pela data. Essa foi a forma de evitar o possível constrangimento de uma cerimônia esvaziada de grandes líderes.
O único convidado internacional é o ministro das Relações Exteriores e vice-primeiro-ministro da Itália, o comunista Massimo D’Alema, amigo de Lula (leia mais ao lado). Mas o chanceler italiano estará no evento a título não-oficial. Conhecido de Lula desde os tempos em que o presidente era sindicalista, D’Alema é um dos grandes entusiastas da ascensão dos governos de esquerda na América Latina.
Depois que assumiu o cargo, em maio passado, o chanceler vem repetindo que o continente está no caminho certo. Atualmente em visita oficial no Chile, ele desembarca amanhã em Brasília, onde fica até a tarde do dia 1° de janeiro. Fontes do Itamaraty ressaltaram que a participação de D’Alema na posse é de “caráter particular”. “Ele não vem como ministro, mas como amigo do presidente Lula”, disse um diplomata ao Correio. Em seguida, D’Alema segue para o Peru, onde o giro pelo continente retoma o caráter oficial.
Em 2003, estiveram presentes na primeira posse do presidente Lula o ditador de Cuba, Fidel Castro, o príncipe da Espanha, Filipe de Bourbon, e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, entre outros. À noite, Lula recebeu os cumprimentos das delegações estrangeiras no Palácio da Alvorada. Ao contrário de 2003, desta vez não haverá jantar para convidados no Itamaraty ou no Alvorada.
Preparativos
Os familiares do presidente já chegaram para a posse. Os cinco filhos de Lula e da primeira-dama Marisa Letícia já estão hospedados no Palácio da Alvorada, onde a família passará a noite de réveillon. Lurian Lula da Silva, filha do presidente de uma relação anterior, também já chegou ao Palácio da Alvorada. A residência oficial da Granja do Torto também está preparada para receber os filhos do presidente.
Os amigos de Lula chegam a Brasília na véspera e na data da posse. Cada ministério levará para a posse 12 pessoas que sejam exemplos das políticas públicas do governo, tais como beneficiados pelos programas Bolsa Família e Luz para Todos e participantes de iniciativas como as Olimpíadas da Matemática.
Faixas da posse são retiradas das ruas em Brasília
Faixas alusivas a posse do presidente Lula e colocadas em ruas e avenidas de Brasília causaram polêmica. A polêmica foi criada pela oposição que criticou a frase “Lula presidente, tome posse do Brasil”. A coordenação da festa popular da posse determinou a retirada das mensagens.
A informação é destaque nos principais jornais do País hoje. Leia abaixo o relato sobre o caso escrito pela repórter Mariângela Gallucci do jornal O Estado de S.Paulo:
“É o retrato falado do que Lula e o PT pensam, que adquiriram o direito de se apropriar de uma nação. A grande vantagem é que o Brasil tem na sua gente a sua maior riqueza e nossa gente não aceita nenhum tipo de servidão”, disse o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA). Para ele, a faixa do PT mostra a visão chavista do partido e do presidente. O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) deu outra interpretação para a locução petista: “Até o PT está pedindo para o Lula trabalhar.”
José Zunga Alves de Lima, um dos coordenadores da festa da posse, reconheceu que as faixas permitiam uma dupla interpretação. Ele disse que isso ocorreu por um erro de layout. “A idéia era convidar o cidadão para a posse, para tomar conta do Brasil”, afirmou. “Como a faixa permitia dupla interpretação, foi retirada.”
Em entrevista, Zunga informou que a organização do evento popular espera um público de cerca de 50 mil pessoas. Em 2003, quando Lula assumiu o governo pela primeira vez, a estimativa do PT e dos partidos aliados foi de que estiveram na Esplanada dos Ministérios cerca de 120 mil pessoas.
Cálculos da Defesa Civil de Brasília feitos com base em fotos aéreas da Esplanada, no entanto, indicaram que aproximadamente 71 mil pessoas estiveram na posse há quatro anos.
Dirigente do PT do Distrito Federal e também coordenador do comitê de posse, Vilmar Lacerda afirmou ontem que são esperadas caravanas de vários Estados. Elas devem chegar em cerca de 300 ônibus, 70 deles com representantes de movimentos sociais rurais.
Gastos
Zunga explicou que o partido estava encontrando dificuldades para alugar ônibus para transportar as pessoas para Brasília por causa da crise do setor aéreo e o conseqüente aumento da procura pelo transporte rodoviário.
O PT deverá divulgar nos próximos dias quanto será gasto com a comemoração. Segundo Vilmar Lacerda, o montante desembolsado pelo partido deverá ficar entre R$ 500 mil e R$ 600 mil. Partidos da base aliada e movimentos sociais também deverão colaborar. A Presidência da República e o Ministério da Cultura vão bancar outro R$ 1 milhão.
Em Brasília e nas cidades-satélites foram distribuídos nos últimos dias convites para que as pessoas compareçam à posse. “Segundo governo, um novo começo” é uma das mensagens do convite.
Nele, está impressa a programação do evento da segunda-feira. Às 14 horas deverá ser iniciada a concentração na Esplanada dos Ministérios. Para as 15h30 está previsto o desfile do presidente Lula em carro aberto pela Esplanada.
Às 16 horas, deverá começar a cerimônia de posse no Congresso. Para as 19h30 está previsto o início de shows musicais na Praça dos Três Poderes.
Lula pede mais ação social
Na reunião de ontem (29) com oito ministros da área social, o presidente Lula pediu reforço de ações nas grandes cidades no seu segundo mandato. O tema do encontro também é destaque nos principais jornais do país. Lula cobrou ações mais fortes na área envolvendo jovens e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, falou em integração do Bolsa Família, administrado pelo seu ministério com o programa Luz para Todos tocado pelo Ministério de Minas e Energia.
Leia abaixo a reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo:
O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, disse à Folha que os resultados dos programas sociais "são mais visíveis nas pequenas e médias cidades". "Nos grandes centros, porém, será preciso uma ação mais vigorosa, com integração ainda maior entre os ministérios, para competir com o narcotráfico e condições de vida mais duras, como falta de lazer e deficiências no saneamento e nas moradias", afirmou Patrus.
Segundo o ministro, foi feito um balanço das ações sociais no primeiro mandato e uma exposição sobre os projetos para o novo governo. Lula cobrou "expansão e fortalecimento" dos programas sociais. A idéia é lançar os programas sociais numa "fase dois", com maior interação entre os ministérios em áreas onde exista essa possibilidade -como na da juventude.
O presidente pediu especificamente aos ministros que intensifiquem os programas ligados à juventude nas maiores regiões metropolitanas do país. A determinação acontece dois dias depois de o Rio de Janeiro ter sofrido uma onda de ataques que deixou 18 mortos.
"Na visão do presidente, várias ações sociais atingiram um grau de maturidade que permitiria pensar numa integração de ações que reforçariam o papel de cada ministério", disse Fernando Haddad, ministro da Educação e um dos participantes da reunião.
O encontro, no Palácio do Planalto, durou cerca de quatro horas. Cada ministro fez uma exposição de sua área, com as realizações do primeiro mandato, os problemas e os planos para os próximos quatro anos.
A partir do mês que vem, haverá reuniões separadas com cada um dos oito ministérios -Desenvolvimento Agrário, Educação, Políticas para Mulheres, Igualdade Racial, Direitos Humanos, Pesca, Desenvolvimento Social e Saúde. A primeira reunião, já na próxima semana, será com o Ministério da Educação.
Mais uma vez, Lula disse aos ministros que quer uma "interlocução" maior com a sociedade e com os movimentos sociais, em especial. Também ficou decidido que a Câmara de Política Econômica contará com um representante da área social, e que a Câmara de Política Social terá alguém da área econômica. Segundo Haddad, ainda não está definido como acontecerá esse intercâmbio.
Patrus afirmou que a maior integração entre os cadastros de programas sociais ajudará a uma melhor avaliação dos resultados das ações no segundo mandato. Citou como exemplo a integração entre os cadastros do Bolsa Família e do programa Luz Para Todos, do Ministério de Minas e Energia.
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