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A presença feminina no Legislativo é ainda mais tímida do que no Executivo. Atualmente, elas ocupam 9% das cadeiras do Congresso – são apenas 45 deputadas e nove senadoras num universo de 594 parlamentares. Sem jamais terem ocupado um cargo na Mesa Diretora da Câmara ou do Senado, as mulheres estão longe este ano das lideranças partidárias. Na administração federal, elas estão em 19% dos cargos decisórios. Última mulher a liderar um partido no Congresso Nacional, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) atribui o crescimento da participação feminina no Executivo à criação, pelo governo Lula, de secretarias voltadas para a formulação de políticas públicas específicas para segmentos historicamente discriminados. "Essa sinalização obviamente replica no comportamento do governo e da ocupação do espaço pelos funcionários públicos", argumenta a ex-líder do PT no Senado. Leia também Mesmo assim, Ideli considera que o Estado ainda é muito conservador. "Esse Brasil é muito machista", critica, ao cutucar, logo em seguida, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O preconceito está tão embutido que as coisas se manifestam até na brincadeira", completa a senadora, referindo-se à piada feita por Lula no último dia 8. Durante comemorações do Dia Internacional da Mulher, no Rio Grande do Norte, o presidente pediu às mulheres que fossem “devagar com essa pressa de poder” e que não começassem a “pensar logo na Presidência da República”. O governo Lula pretende recriar, em outros moldes, um programa instituído no governo Fernando Henrique de capacitação de funcionárias públicas para atuarem como chefes. Instituído em 1999, o projeto Mulheres Gerentes no Serviço Público pretendia estimular a ascensão profissional das mulheres no serviço público. Funcionou até 2001 na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), onde cerca de 300 mulheres de vários estados brasileiros se formaram. Agora, a Presidência da República, com a Casa Civil à frente, quer relançá-lo com o nome de Programa Mulher Gerente (PMG), possivelmente em maio. Com quatro módulos, num total de 160 horas de aula, o curso deve reforçar questões relativas a raça e gênero no orçamento, e as necessidades e competências das mulheres à frente de postos de alta hierarquia. O curso deverá ter duração de quatro meses e, mais uma vez, se negocia e viabilidade de a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) ministrá-lo. "Há uma questão de se fazer o programa para que os homens comecem a compreender as diferenças deles para as mulheres, passando aceitá-las como chefes no trabalho", afirma Maria Laura Sales Pinheiro, secretária-adjunta da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que participa das negociações. |
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