O senador Pedro Simon (PMDB-RS) acredita que as revelações feitas pelo Congresso em Foco em relação aos abusos na utilização da cota parlamentar de passagens aéreas podem ser o início de um processo de discussão de novas formas de atuação do Poder Legislativo.
Segundo ele, a cobertura feita por este site representa uma “dose que não foi para matar o paciente”. “Foi positivo”, resume o senador gaúcho, para quem a transparência dos gastos públicos deve ser a maior possível. “Não aceito que se diga que a imprensa é a culpada. Tenho o maior respeito por vocês. Vocês não inventaram nada”, disse ele à reportagem.
Questionado sobre o editorial publicado pelo Congresso em Foco na última segunda-feira (confira a íntegra), Pedro Simon afirmou que concorda com a avaliação deste site de que o momento é muito propício para rediscutir o modo como funciona o Congresso Nacional.
Alternativas
Uma das ideias de Simon é que os parlamentares federais passem a trabalhar de segunda a sexta-feira, “se for o caso estendendo a jornada até o sábado ou o domingo, quando necessário”. Outra proposta que ele defende é a restrição da cota de passagens aéreas a um bilhete de ida e volta por mês para cada parlamentar.
“Hoje, na segunda e na sexta, as sessões são de mentirinha. Temos de ter coragem para discutir isso e reformar o Congresso, fazendo as sessões deliberativas de terça a quinta-feira e transformando as sessões de segunda e sexta em sessões de debates parlamentares de verdade”.
Defende, ainda, que se retome para valer o debate sobre a reforma política, de modo a fortalecer o Parlamento, que, no seu entender, está hoje enfraquecido pelo uso abusivo de medidas provisórias: “Quem legisla atualmente é o Executivo, o Congresso perdeu o seu valor. Então ficamos aqui vendo como vamos matar o tempo porque a gente não vota”.
E os outros poderes?
O senador ressalva, no entanto, que é preciso ter cuidado no julgamento dos congressistas, já que todos sempre acreditaram que poderiam usar livremente sua cota de passagens, inclusive para transporte de parentes e amigos: “Estou aqui no Senado há quase 30 anos e, aqui, sempre foi assim. Eu não achava que podia, eu tinha certeza”.
Simon acrescentou que tem “um bolo” de créditos em passagens aéreas, que ele irá devolver integralmente ao Senado. O senador disse que já optou por não utilizar a verba indenizatória de R$ 15 mil mensais a que todo senador tem direito, para cobrir despesas de divulgação, locomoção e outras, vinculadas ao exercício do mandato.
Ele também defende que a imprensa exerça sobre os demais poderes a mesma vigilância que hoje mantém sobre o Legislativo. “Ou vocês acham que só há abusos de passagens aéreas e em outras áreas no Congresso?”, provocou.
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