Em discurso hoje (19) no plenário do Senado, Pedro Simon (PMDB-RS) defendeu que Renan Calheiros (PMDB-AL) renuncie à presidência da Casa. Ele argumentou que esperar o resultado da perícia na documentação apresentada como defesa por Renan é submeter a Casa a um desgaste desnecessário.

"O desgaste perante a opinião pública está sendo tão claro que não dá para defender mais", afirmou o peemedebista após sair do plenário. "Fiz um apelo a ele para que renuncie antes de sair o resultado da perícia", complementou.

Para Simon, a renúncia à presidência será "um gesto de grandeza" de Renan. "Não estou preocupado com nada a não ser com o Senado e a figura dele".

O discurso foi duro até para o senador Jefferson Peres (PDT-AM), que defende o afastamento temporário de Renan, mas não a renúncia definitiva. "Querer pedir a renúncia eu não posso, porque é um ato unilateral e pessoal", afirmou o pedetista. "Eu pedi um afastamento temporário por ele ser réu no processo. Há um mês, o presidente do Congresso se explica. Será que ele não percebe que ele fragiliza a instituição?", atacou Peres.

Depois do discurso de Simon, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) passou a defender o presidente do Congresso. "Não estamos julgando a história de Renan aqui", disse. O senador Gilvan Borges (PMDB-AP) desqualificou as críticas de Simon. "O Pedro tem essa marca. Notícia seria se ele não pedisse a renúncia", afirmou. O senador disse que Simon, "nos últimos 20 anos" já pediu "umas 40 renúncias de autoridades. "Eu acredito 100% no Renan", acrescentou Borges.

De acordo com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), "Pedro Simon é um tigre solitário, pode dizer o quiser". O tucano, por sua vez, afirmou ser "um leão". "Tenho uma tribo para representar. Então só posso dizer que vou esperar o resultado da perícia. Até porque fui eu um dos que solicitou que fosse feita essa perícia".

Renan

Ao ser abordado por jornalistas, Renan Calheiros negou que esteja disposto a deixar a presidência do Senado."Não saio. Estou tranqüilo. Sofro pressão só da imprensa", declarou. (Eduardo Militão e Soraia Costa)