Que a proposta que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) será aprovada na Câmara, ninguém tem a menor dúvida. A questão é quanto tempo a oposição vai conseguir segurar a maioria esmagadora do governo. Por enquanto, ninguém ainda se arrisca a dizer que horas da madrugada a presente sessão será encerrada.
Deputados governistas e oposicionistas se revezam na tribuna. Os aliados do Planalto afirmam que nenhum governo pode abrir mão de R$ 40 bilhões por ano (valor arrecadado pelo imposto) para manter o equilíbrio fiscal e a manutenção de programas sociais. Por sua vez, a oposição afirma que o imposto onera principalmente os mais pobres e que o governo já arrecada demais.
Para o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), crítico ferrenho da CPMF sob a batuta do governo Lula, “essa história vai longe”. Ele afirma que a minoria tem fôlego para estender por muito tempo a votação da proposta, na tentativa de cansar a base aliada do governo. “Eles é que não estão dando conta de votar. Para nós está fácil”, afirmou.
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Já o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) avalia que o atraso está dentro do previsto. Os deputados começaram a analisar a matéria no início da tarde de hoje (19), após o governo revogar três medidas provisórias que trancavam a pauta.
A proposta da CPMF ainda provoca descontentamento entre alguns deputados da base aliada. O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, (PDT-SP) ainda tenta negociar a redução da alíquota com o governo. Atualmente a alíquota da CPMF está em 0,38%. Apesar do seu partido ter fechado questão em torno do assunto, o parlamentar afirma que se o governo não ceder, ele votará contra.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que uma eventual aprovação da CPMF pelo Congresso possibilitará a redução da carga tributária no futuro. Hoje, o presidente Lula declarou que nenhum governo brasileiro poderá abrir mão da CPMF.
Direito de “encher o saco”
Em uma conversa de deputados aliados do governo, um deles levantou a seguinte questão: qual seria a utilidade da obstrução ferrenha promovida pelos oposicionistas, uma vez que o governo vai aprovar de todo jeito a proposta? E seguiu a resposta: “Eles têm o direito de encher o saco”.
Já o deputado Paulo Maluf (PP-SP) afirmou de maneira descontraída que não está disposto a encarar longas sessões de debate no Congresso. A um colega de Parlamento ele confessou: "Se ficarem até às 2h30, meu suplente é quem vai ficar". (Ana Paula Siqueira e Rodolfo Torres)
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