Ag.Câmara
Eduardo Militão
“Eu sou um pobre diabo no mundo isolado.” É com um discurso de promessa de humildade, companheirismo e novos tempos na Casa que o peemedebista Osmar Serraglio (PR) quer trocar a primeira-secretaria pela presidência da Câmara no próximo ano.
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Para alcançar seu objetivo, Serraglio desafia os caciques de seu partido, que lançaram a pré-candidatura de Michel Temer (SP) na semana passada, contra a vontade da também deputada Rita Camata (PMDB-ES).
Em entrevista ao Congresso em Foco ontem (14), ele afirma que Michel Temer não tem no plenário o apoio que diz ter. Lembra que a candidatura de Ciro Nogueira (PP-PI), já dada como certa entre os deputados, também não pode ser desprezada e representa uma ameaça ao PMDB.
“Quem disse que o Michel tem essa facilidade no plenário? Uma coisa é dizer: ‘Ah, eu tenho o apoio do líder tal’. Porque, olha, há um caminho longo a ser percorrido. Por isso, é que eu não atropelo nada”, alerta o deputado, numa crítica ao lançamento da candidatura do colega em pleno segundo turno das eleições.
Segundo Serraglio, tudo foi feito com “cartas marcadas”, de maneira “opressiva” e sem dar chances aos demais companheiros de refletir melhor sobre o assunto. “Nós precisamos oxigenar um pouco o PMDB, dando mais oportunidades a mais pessoas”, reclama.
Como credenciais a seu favor, o deputado paranaense aponta a simplicidade, a atuação moderada como relator da CPI dos Correios – que apurou o escândalo do mensalão – e a gestão na primeira-secretaria da Câmara.
“Eu me conduzi de uma forma séria na primeira-secretaria. Fui vigilante, procurei valorizar os companheiros. Evidentemente, com essa atividade eu me cacifei quanto à credibilidade. Alguém que tem condições de conduzir a Casa de forma que ela seja valorizada”, lembra o parlamentar.
Na entrevista a seguir, o deputado diz que o Congresso brasileiro legisla mal: as leis são mal feitas e não há acompanhamento sistemático do cumprimento delas. E declara apoio à posição do Senado em relação ao nepotismo. “Nenhum direito é absoluto”, prega Serraglio, contestando a versão noticiada pela imprensa ontem de que os senadores encontraram uma “brecha” na legislação para manter parentes empregados na Casa.
O peemedebista diz não ter posição definida sobre a polêmica equiparação do salário dos parlamentares com o dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), defendida por vários deputados. E, de olho em seus eleitores do próximo ano, rebate as críticas de que o custo de um deputado no Brasil é um dos mais altos do mundo. “Tudo isso não é dinheiro do deputado”, ressalta, referindo-se à verba de gabinete e outros gastos bancados com dinheiro público para manter a Casa em funcionamento.
Leia a íntegra da entrevista exclusiva:
Congresso em Foco – Por que o senhor é pré-candidato à presidência da Câmara?
Osmar Serraglio – Porque eu acho que nós precisamos oxigenar um pouco o PMDB, dando mais oportunidades a mais pessoas. O Michel tem todos os seus méritos, mas já foi duas vezes [presidente da Câmara]. É presidente do PMDB. Nós começamos com nossa oposição aos métodos. Eu achei que continuar com essa história de lista meio opressiva. Aí, assinou, vai colhendo assinaturas. O líder vai colhendo assinaturas de apoio… Além dos métodos, mais um: se você olhar sai por tudo que no dia só
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