O governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), reagiu com irritação à declaração feita ontem à CPI dos Sanguessugas pelo ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso de que a família Vedoin teria dito que pendências da campanha presidencial de 2002 do tucano foram pagas com dinheiro da máfia das ambulâncias. chamou o ex-diretor do Banco do Brasil, acusado de negociar o dossiê contra tucanos, de "delinqüente", "aloprado" e "bandido". "É óbvio que é uma mentira. O Expedito é um delinqüente flagrado em ato criminoso. O interlocutor dele não sou eu, mas deve ser a polícia e o Ministério Público. O Lula mesmo disse que ele era um aloprado", disse. "Não vou tomar um bandido como esse como interlocutor, é óbvio que é mentira."
Mercadante
Serra
O governador eleito disse que outros petistas envolvidos no caso ainda devem explicação sobre a procedência do R$ 1,7 milhão que seria usado na compra do material. Entre eles, Serra incluiu o candidato derrotado ao governo paulista, senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
"A maior contribuição que ele [Expedito] pode dar ao Brasil é esclarecer a origem do dinheiro. Aliás, ele, Valdebran, Gedimar, Lorenzetti, esse Lacerda, e o próprio senador Mercadante devem ao país a explicação sobre R$ 1,7 milhão, dinheiro clandestino, cuja origem até hoje não foi demonstrada. Esse é o centro da questão", disse o tucano.
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O senador respondeu ao governador eleito de São Paulo. "A eleição já acabou e ele precisa descer do palanque." Mercadante disse que está à disposição das autoridades e que 70% das ambulâncias superfaturadas na operação sanguessuga ocorreram no governo de Fernando Henrique Cardoso.
A acusação de Expedito
Em depoimento à CPI, Expedito Veloso afirmou que entre os documentos prometidos ao PT pela família Vedoin havia 15 cheques e 20 transferências bancárias que teriam sido usados para o pagamento de dívidas da campanha à Presidência da República de José Serra, em 2002.
Segundo o ex-diretor do BB, Luiz Antonio Vedoin lhe contou que os cheques foram entregues ao empresário Abel Pereira, ligado ao atual prefeito de Piracicaba e ex-ministro Barjas Negri (PSDB). Abel deve ser ouvido hoje pela CPI.
Expedito Veloso disse que as transferências bancárias também teriam sido feitas para empresas indicadas por Abel. Os 15 cheques totalizariam perto de R$ 600 mil e os comprovantes de transferências bancárias somariam outros R$ 300 mil.
"Havia fotos e foi mostrado um DVD que retratava entrega de ambulâncias e ônibus em Cuiabá. A festa teria sido patrocinada pela Planam", afirmou Expedito, referindo-se à empresa dos Vedoin que atuava como pivô das fraudes.
Vedoin teria contado ao ex-diretor do BB que duas transferências bancárias foram feitas para as empresas DataMicro, de Governador Valadares, e Império Representações Turísticas, de Ipatinga, a pedido de Abel. "Eram palavras de Vedoin: cheques e transferências bancárias foram para pagamento de restos de campanha do Serra", disse Expedito.
"Participação técnica"
Ao longo do depoimento, o petista insistiu que sua participação no episódio foi "técnica" e se restringiu a verificar a autenticidade dos documentos apresentados pela família Vedoin que apontariam o envolvimento de tucanos com a máfia dos sanguessugas.
Expedito disse desconhecer que a negociação com os Vedoin envolvia dinheiro. "Minha participação foi técnica. Eu apenas ouvi o que eles diziam. Não poderia impedir que falassem de dinheiro", afirmou. Ele admitiu ter ouvido que os Vedoin pediram R$ 20 milhões, depois R$ 10 milhões e, por fim, R$ 3 milhões. Mas, segundo sua versão, a ajuda combinada teria ficado restrita ao apoio jurídico à família.
Pegos na arapuca
Também ouvido ontem pela CPI, o ex-secretário do Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas disse que o dossiê contra os tucanos foi uma "arapuca" armada pelos próprios "adversários". Bargas, que também fazia parte do comitê de campanha de Lula, afirmou que sua participação limitou-se a acompanhar a entrevista da família Vedoin à revista Istoé na qual fizeram acusações a Serra e a Barjas Negri.
O ex-secretário disse ter se surpreendido com o dinheiro apreendido pela Polícia Federal que seria usado na compra do dossiê. "Fiquei muito abalado. Tínhamos caído em uma armação, em uma arapuca. E quem organizou a arapuca foram os adversários", afirmou.
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