Rudolfo Lago
Na entrevista dos candidatos à Presidência ao Jornal Nacional, o candidato do
PSDB, José Serra, voltou a evitar criticar o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e contrapor-se à sua popularidade. A maneira como Serra evita fazer
críticas a Lula foi um dos temas abordados pelos apresentadores do telejornal da
TV Globo, William Bonner e Fátima Bernardes. “Lula não está concorrendo comigo”,
respondeu Serra. Para o candidato do PSDB, a disputa que acontecerá em outubro
não pode ser “uma disputa sobre o passado”. E criticou, então, a postura de sua
principal adversária, Dilma Rousseff, do PT, de colar sempre a sua imagem à do
presidente: “Não dá para ter um presidente que governa na garupa”.
Da mesma forma como fizera antes com Dilma e Marina Silva, do PV, Bonner e
Fátima Bernardes fizeram também perguntas duras a Serra. Aparentemente, o
candidato do PSDB saiu-se melhor do que elas. Ao contrário, porém, do que
fizeram com Dilma e Marina, Bonner e Fátima interromperam menos as
respostas de Serra. O candidato do PSDB pôde completar melhor seus raciocínios.
Só acabou sendo interrompido nas suas considerações finais, que não pode
completar porque seu tempo acabou.
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O momento mais duro foi quando Bonner questionou Serra sobre o apoio do PTB e
de seu presidente, Roberto Jefferson. “Seu partido está ao lado do PTB, partido
envolvido no mensalão. O PSDB errou antes, quando criticou o mensalão, ou agora,
quando aceita o PTB como parceiro?”, perguntou Bonner. Inicialmente, Serra
respondeu que os “personagens principais” do mensalão não eram do PTB, mas do
PT. Bonner insistiu: lembrou que Jefferson denunciou a existência de um esquema
do qual participava, e que foi cassado por isso. “O senhor não se sente
constrangido?”, perguntou. “Roberto Jefferson conhece meu estilo de governo.
Está comigo. Ele sabe como trabalho e sabe que comigo não tem essa história de
fazer divisão partidária de cargos”.
Fátima Bernardes perguntou sobre a inexperiência do candidato a vice de
Serra, Índio da Costa, um deputado em primeiro mandato. “Ele disputou quatro
eleições, tem 40 anos, foi um dos líderes do ficha limpa”, respondeu Serra. Me
sinto bem com ele.
O último ponto da entrevista foram os altos preços dos pedágios cobrados em
São Paulo pelas empresas que têm a concessão das rodovias, num sistema feito por
Serra como governador. Serra desviou-se da questão do preço. Mencionou uma
pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes, na qual 75% dos usuários
dizem que as melhores estradas estão em São Paulo. E mencionou as “estradas da
morte” que existem em outros estados, como Minas Gerais e Santa Catarina. “Nunca
o Brasil teve estradas tão ruins”, disse ele. Finalmente, citou uma estrada em
São Paulo cujo preço do pedágio, segundo ele, caiu em seu governo: a Ayrton
Senna.
Nas considerações finais, que foram interrompidas por Bonner, Serra voltou a
reforçar a sua origem humilde: “Meus pais eram muito modestos. Duvido que eles
imaginassem que um dia eu estaria aqui no Jornal Nacional, que eles tanto
assistiam”.
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