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Renan Calheiros recebeu ao todo R$ 32 milhões, em propina, em dinheiro em espécie e doações oficiais, disse o delator, para quem os repasses ao presidente do Senado começaram entre 2004 e 2005. Já o senador Romero Jucá recebeu um total de R$ 21 milhões por meio de repasses periódicos e doações oficiais, afirmou Machado. Por sua vez, ainda segundo a delação, o senador Aécio Neves recebeu R$ 1 milhão ilicitamente na eleição de 1998, em um esquema que movimentou um total de R$ 7 milhões para tentar eleger pelo menos 50 deputados federais e viabilizar a candidatura do tucano para a presidência da Câmara, no ano de 2000. Em nota, o presidente do PSDB afirmou que as acusações são “falsas e covardes”. Leia abaixo a íntegra da resposta do senador. Já Lobão, ex-ministro de Minas e Energia, ficou com R$ 24 milhões, de acordo com o ex-presidente da Transpetro.
O ex-presidente José Sarney também recebeu propina, segundo Machado. Ao todo, conforme o delator, foram desviados R$ 18,5 milhões de contratos para beneficiar Sarney.
Além dos senadores, Sérgio Machado disse que outros 19 políticos de seis partidos políticos (PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PSB) receberam propina via Transpetro. Os políticos procuravam Machado para pedir ajuda financeira para suas campanhas e ele, por sua vez, acionava empresas que tinham contrato com a Transpetro para realizar os repasses. O PMDB foi a sigla que mais se beneficiou do esquema: arrecadou R$ 100 milhões, segundo o delator.
Em seu depoimento, Machado disse que repasses via doação oficial foram feitos, entre outros, para: Cândido Vaccarezza (PT-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Luis Sérgio (PT-RJ), Edson Santos (PT-RJ), Francisco Dornelles (PP-RJ), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Ideli Salvatti (PT-SC); Jorge Bittar (PT-RJ), Garibaldi Alves (PMDB-RN), Valter Alves (PMDB-RN), José Agripino Maia (DEM-RN), Felipe Maia (DEM-RN), Sergio Guerra (PSDB-PE), Heráclito Fortes (PSB-PI), Valdir Raupp (PMDB-RO).
“Embora a palavra propina não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro; QUE esses políticos procuravam o depoente porque ele era presidente da Transpetro e tinha como amealhar recursos” informa a delação de Machado.
Machado assumiu a presidência da Transpetro em junho de 2003, onde permaneceu até o final de 2014. A indicação do nome para assumir o cargo foi apoiada por Renan e endossada por caciques peemedebistas como Jucá, Sarney, Jader Barbalho (PA) e Edison Lobão. Todos eles receberam propina repassada por Machado tanto por meio de doações oficiais quanto por meio de dinheiro em espécie, segundo a delação premiada.
Todos os envolvidos têm negado os termos da delação de Sérgio Machado, alguns deles ameaçando interpelar o ex-dirigente judicialmente. Renan por meio de nota, disse que “jamais recebeu recursos de caixa dois ou vantagens de quem quer que seja. Todas as doações de campanhas eleitorais ocorreram na forma da Lei, com as prestações de contas aprovadas pela Justiça”.
Leia a íntegra da nota divulgada por Renan:
“O Senador Renan Calheiros reafirma que jamais recebeu recursos de caixa dois ou vantagens de quem quer que seja. Todas as doações de campanhas eleitorais ocorreram na forma da Lei, com as prestações de contas aprovadas pela Justiça.
O senador não conhece Felipe Parente e nenhum dos filhos de Sérgio Machado. Mesmo se tratando de denúncia em que o depoente afirma ter “subentendido”, o senador está à disposição, uma vez que já prestou dois depoimentos e fará quantos outros forem necessários.
O senador Renan Calheiros jamais credenciou, autorizou ou consentiu que terceiras pessoas falassem em seu nome em qualquer circunstância. Por fim, o senador afirma que não indicou o delator Machado para Transpetro, como afirmou o próprio Sérgio Machado.
Assessoria de Imprensa
Presidência do Senado Federal
Brasília, 15-06-2016″
Leia a íntegra da nota do senador Aécio Neves:
“São acusações falsas e covardes de quem, no afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar. Qualquer pessoa que acompanha a cena política brasileira sabe que, em 1998, sequer se cogitava a minha candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o que só ocorreu muito depois. Essa eleição foi amplamente acompanhada pela imprensa e se deu exclusivamente a partir de um entendimento político no qual o PSDB apoiaria o candidato do PMDB à presidência do Senado e o PMDB apoiaria o candidato do PSDB à presidência da Câmara dos Deputados. A afirmação feita não possui sequer sustentação nos fatos políticos ocorridos à época.”
Leia a íntegra da delação de Sérgio Machado (volume 1)
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