Sob ameaça de processo no Supremo Tribunal Federal (STF), o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), será procurado hoje por senadores para dar esclarecimentos sobre a mais recente denúncia sobre seu envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, empresário do ramo de jogos preso pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo. Segundo a versão on-line da revista Época, Cachoeira habilitou em Miami 15 aparelhos de rádio Nextel e distribuiu para pessoas de sua confiança, entre eles Demóstenes, com o objetivo de evitar escutas telefônicas, legais ou ilegais. A PF investiga uma rede de exploração clandestina de máquinas caça-níqueis na periferia de Brasília e em Goiás.
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Nomes como os senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) podem entrar com representação ainda hoje (quinta, 15) no STF, para que o caso seja submetido à análise da corte – por gozar de foro privilegiado, na condição de parlamentar, Demóstenes só pode ser processado no Supremo. Caso as explicações de Demóstenes não sejam suficientemente convincentes, a representação será formalizada. O encontro entre os parlamentares será realizado na tarde desta quinta-feira.
“Nos relatórios da investigação, o grupo contemplado com os rádios é chamado de ‘14 + 1’. Entre os 14, há foragidos e os que foram presos com Carlinhos Cachoeira durante a Operação Monte Carlo, da PF. O ‘1’ é o senador Demóstenes Torres (GO), líder do Democratas no Senado Federal”, diz trecho da reportagem, que acrescenta ter ido ao gabinete de Demóstenes para questioná-lo sobre o aparelho. Acompanhado pelo advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o “Kakay”, o senador pediu uma conversa reservada antes de responder e, devidamente orientado, disse que não comentaria o assunto.
“A interlocutores, no entanto, o senador goiano confirmou que recebeu o aparelho de Cachoeira, que foi usado exclusivamente em conversas entre os dois. Segundo Demóstenes, nos quase 300 diálogos com Cachoeira, gravados pela Polícia Federal com ordem judicial, não há nada que o comprometa”, diz outro trecho da reportagem, segundo a qual o senador se referiu ao conteúdo dos contatos telefônicos como “conversas entre amigos” e “trivialidades”.
Com mais essa informação sobre a relação entre Demóstenes e Cachoeira, a situação do senador se complica ainda mais – mesmo depois do apoio em massa que recebeu de senadores no último dia 6, em discurso no Plenário do Senado para dizer que era apenas “amigo” do contraventor, sem relação com seus negócios. Com este site adiantou em 11 de março, por meio do colunista Leandro Mazzini, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) prometeu conseguir ainda nesta semana as assinaturas necessárias para abrir a “CPI do Cachoeira”, com implicações diretas nas pretensões do DEM sobre as eleições municipais. Com a eventual abertura da comissão de inquérito, Demóstenes, principal nome do partido no Parlamento, estaria na condição de alvo das investigações.
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