O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), foi o primeiro a apartear o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), que faz agora o seu primeiro pronunciamento como senador. O tucano afirmou que o petebista era “uma figura polêmica”. “Vossa Excelência pagou um preço muito alto, num país onde quase ninguém paga preço algum”, disse o tucano.
“O testemunho que eu queria dar é que Vossa Excelência não resistiu como poderia ter resistido. Se Vossa Excelência tivesse tido uma relação mais aberta com determinados setores do Congresso, talvez Vossa Excelência tivesse concluído o seu mandato”, declarou Virgílio.
O líder tucano afirmou que via Collor como qualquer outro senador e criticou a conduta da política econômica durante o governo Collor. “Eu vi Vossa excelência praticar, do ponto de vista econômico, um suicídio”, disse o senador do Amazonas.
Virgílio disse que “não poderia dar um aparte de reprovação”. “Mas também não poderia dar um aparte de apoio”, complementou. O tucano também declarou que o discurso de Collor “não decepcionou”. “Seja bem vindo à Casa. Vossa Excelência é um senador pleno”.
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Em reposta, Collor afirmou que um dos grandes equívocos que cometeu como presidente da República foi não ter tido uma relação não adequada. “Dediquei 80% à administração. E o presidente da República é o líder político, tem que fazer política”, disse o ex-presidente.
Collor afirmou que dentro desse sistema presidencialista que aí está, Em seguida “inteiramente obsoleto”, o presidente da República tem que estar inteiramente afinado com o Congresso. O senador do PTB também falou de “consideração”. “Eu acho que é isso que se cativa”.
Tuma
Em seguida, o senador Romeu Tuma (PFL-SP), aparteou o ex-presidente e ficou visivelmente emocionado. Nesse instante, Collor chegou a enxugar lágrimas. Tuma agradeceu o ex-presidente pelo convite que Collor ao pefelista para integrar o seu governo. “Vossa Excelência foi correto na isenção com que tratou a polícia”.
Collor agradeceu o aparte de Tuma e disse que senador paulista foi um dos mais corretos e fiéis servidores públicos que a polícia federal teve. Collor também afirmou que foi “uma honra” ter tido a companhia de Tuma durante os dois anos do exercício da Presidência da República.
Jereissati
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), também em aparte, afirmou que à época do impeachment de Collor, era o presidente nacional do PSDB, cargo que atualmente também ocupa.
O senador cearense afirmou que não era o momento de colocar em julgamento o mérito das questões que levaram à deposição de Collor e que não queria fazer julgamentos.
“Sem dúvida nenhuma, o comportamento da classe política brasileira, das elites brasileiras, mudou radicalmente daquela época para agora”, disse.
O senador tucano, em uma crítica velada ao governo Lula, falou que à época de Collor, alguns artistas que se declararam apóio ao presidente foram “queimados”. Ao passo que hoje em dia, em vista às denúncias de corrupção na política, alguns artistas dizem “que é assim mesmo”. “Vossa excelência pagou muito um preço muito caro”, complementou Jereissati.
Mercadante
O senador Aloísio Mercadante (PT-SP), afirmou que a eleição de Collor representou a vontade do povo das Alagoas e que ele seria tratado como “qualquer outro senador”.
No entanto, o petista, que era oposição ao governo Collor à época em que ele estava na Presidência da República, afirmou que as CPIs que ocorreram no governo Collor estavam de acordo com as “graves denúncias” que surgiram.
“Sou militante de um partido que sofreu denúncias graves. Mas esse sentimento de exigir a verdade é uma virtude democrática”, disse Mercadante. “Acho que Vossa Excelência pagou um preço muito alto. Mas como Vossa Excelência tem orgulho do seu mandato, eu também tenho orgulho de ter participado daquela CPI”, afirmou Mercadante.
“Eu fiz o que a minha consciência e o meu mandato ordenaram”, finalizou.
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