A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) disse, na tarde de hoje (17), que irá processar judicialmente o governo federal, o sócio do banco Opportunity Arthur Joaquim de Carvalho e o publicitário Guilherme Henrique Sodré Martins. O motivo é o vazamento de grampos telefônicos da Operação Satiagraha da Polícia Federal em que Carvalho e Sodré dizem que ela recebeu R$ 2 milhões da construtora OAS para bancar a abertura do mercado dos portos privados.
Como mostrou o Congresso em Foco hoje, os dois comentam ao telefone a atuação dos senadores no debate de uma emenda de Kátia à MP 412 que prejudicaria os negócios do grupo de Daniel Dantas, dono do Opportunity e de um terminal no porto público de Santos.
“O vazamento de conteúdo calunioso é um atentatório à minha honra pessoal e um atentado contra toda a instituição do Senado, já que qualquer bandido hoje fala o nome de pessoas de bem para, em seguida, ser divulgado nos meios de comunicação”, afirmou a senadora, em entrevista coletiva.
Para a senadora, que está licenciada, Carvalho e Sodré sabiam que estavam sendo grampeados e falaram de propósito para prejudicá-la. “Eu tenho certeza que eles sabiam que estavam sendo gravados. Eles são gângsteres. Queriam prejudicar a mim e ao Heráclito [Fortes (DEM-PI)]”, afirmou.
Heráclito é citado pelos dois homens de Daniel Dantas como um parlamentar que atua a serviço do Opportunity, mas que teria que prestar apoio à emenda de Kátia Abreu por fidelidade à decisão do DEM.
Procura
Hoje, Kátia revelou que um sócio de Daniel Dantas lhe procurou, irritado com a posição da senadora e para dizer que os portos deveriam ser públicos, licitados.
A senadora também afirmou que, dentre os petistas, apenas a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) seria contra a privatização dos portos. “A única pessoa que foi contra foi a Ideli. Ela coloca todos os argumentos da Abratec [Associação Brasileira de Terminais Portuários de Contêineres de Uso Público], um discurso de esquerda contra a privatização. Ele defendia a tese da Abratec”, argumentou.
No mês de maio, o Senado aprovou a MP 412, que prorrogou o programa de isenções fiscais Reporto até 2011. A aprovação só saiu depois de um acordo entre base e oposição para retirar a emenda de Kátia Abreu em troca de uma modificação numa resolução da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
A emenda de Kátia à MP permitia que portos privados pudessem funcionar mesmo que seus donos embarcassem, majoritariamente, cargas de terceiros – o que hoje é proibido pela resolução da agência. A emenda atenderia aos interesses de muitas empresas interessadas em investir no setor, como a OAS.
“Eu tive a idéia de fazer a emenda, era apenas para obrigar o cumprimento da lei. A Polícia Federal poderia investigar porque essa resolução não cai”, retrucou ela, hoje.
CPMF
A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) aproveitou a entrevista para se dizer perseguida pelo governo porque ajudou a derrubar a manutenção da CPMF no Senado no final do ano passado. Ela também suspeita que seja porque ela pretende ocupar a presidência Confederação Nacional da Agricultura (CNA), da qual é vice-presidente atualmente.
“É claro que o vazamento foi proposital. É por conta da CPMF? É. É por conta da CNA? Talvez”, disse.
O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), também defendeu a senadora e reclamou do vazamento de informações. “Em vez de divulgar ilações falsas, caluniosas e totalmente improcedentes contra setores da oposição, setores da Polícia Federal deveriam investigar o tráfico de influência realizado em quase todas as instâncias do Poder Executivo”, disse ele, em nota divulgada pelo partido. (Tatiana Damasceno)
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