A Polícia Federal acredita que o hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) utilizou recursos do caixa-dois do empresário Marcos Valério na campanha ao governo de Minas Gerais em 1998. A irregularidade foi identificada na investigação do "mensalão mineiro" e está em relatório encaminhado ao procurador geral da República, Antônio Fernando de Souza.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, os recursos não declarados foram movimentados por meio de uma engenharia financeira esquematizada por Valério. Cláudio Mourão, tesoureiro de Azeredo, também participou. Os investigadores do caso acreditam que há fatos suficientes para que o procurador denuncie o senador.
Laudo do Instituto Nacional de Criminalística indica que em 1998 Valério fez 27 operações para injetar R$ 38 milhões em contas de suas empresas. Em nove empréstimos, contraídos dos bancos Rural e BCN, obteve R$ 34 milhões. Parte do dinheiro foi para a campanha de Eduardo Azeredo, diz a PF.
O senador declarou ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas ter arrecadado R$ 8,5 milhões. Mais tarde, admitiu arrecadação paralela de mais R$ 8,5 milhões e atribuiu a responsabilidade pelo erro na declaração de receita a Mourão.
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A PF comprovou que as estatais Comig (atual Codemig) e Copasa e o BEMGE compraram cotas de publicidade de R$ 1,5 milhão e R$ 1 milhão das empresas de Valério. A Cemig pagou R$ 1,7 milhão à SMPB, agência de Valério. No dia seguinte aos pagamentos, a empresa transferiu R$ 1,1 milhão para candidatos do PSDB.
O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, negou irregularidades nas doações para a campanha de Azeredo. O tucano afirma ser "absolutamente inocente". "Aguardarei a manifestação do procurador-geral e me defenderei na Justiça, no momento oportuno", disse à Folha. (Carol Ferrare)
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