Fábio Góis
A Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado veicula em sua página virtual um documento intitulado “A verdade”, de 19 páginas, com a pretensão de responder a denúncias variadas veiculadas nos últimos meses sobre o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), desde sua posse em 2 fevereiro. Sem a assinatura do senador e com diversos textos anexados ao principal, o material (confira a íntegra) diz que Sarney tem tomado providências para “corrigir distorções e sanear a administração do Senado”.
“Este não é um documento para a conjuntura, porque não tem por objetivo ser notícia. É, essencialmente, a consolidação dos argumentos e provas que respondem às acusações e corrigem as injustiças perpetradas contra o presidente do Senado, senador José Sarney”, registra a introdução do documento, que destaca as “providências” que o peemedebista estaria levando a cabo nos últimos dias. O material dá destaque para as recomendações de reformulação administrativa da Fundação Getúlio Vargas, cujo trabalho foi anunciado pelo próprio Sarney na última quinta-feira (24), em plenário.
Mas nem todas as referidas mudanças representam avanços administrativos, como consideram líderes como José Agripino (DEM-RN) e Aloizio Mercadante (PT-SP).
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O texto veiculado na página do Senado elenca as principais acusações a Sarney veiculadas pela imprensa e, com números e documentos anexados, tenta desqualificar cada uma delas. “Ao contrário do que foi divulgado, nem o senador Sarney inventou os chamados atos secretos, nem é culpado por não terem sido publicados”, defende “A verdade”, apresentando uma tabela comparativa às gestões anteriores da presidência.
Desde que tomou posse para sua terceira gestão à frente do Senado, tendo vencido o candidato do PT, Tião Viana (AC) por 49 votos a 32, Sarney tem sido alvo de vários tipos de denúncia na imprensa. Casos de nepotismo, supostas irregularidades na Fundação José Sarney, no Maranhão (da qual é fundador), envolvimento de parentes em operações de crédito consignado no Senado e emissão de atos administrativos secretos foram algumas das acusações que chegaram a ameaçar sua permanência no comando da Casa. A enxurrada de notícias negativas o levou a exonerar os então diretores Agaciel Maia (Diretoria Geral) e João Carlos Zoghbi (Secretaria de Recursos Humanos), dois dos principais acusados pela formalização dos documentos clandestinos.
O noticiário desfavorável e a crescente pressão popular resultou na “ressurreição” do Conselho de Ética, que, sem funcionar desde março deste ano, foi reativado em julho para analisar representações e denúncias oposicionistas contra Sarney – mas, com ampla maioria governista e “tropa de choque” de Sarney a postos, o Conselho acabou por arquivar 11 pedidos de investigação contra o cacique maranhense. E reiterou o arquivamento.
Em ação que foi considerada como retaliação do PMDB, o colegiado também recebeu – e arquivou – uma representação contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), um dos principais críticos de Sarney no Senado. A decisão também foi reiterada, dias depois do arquivamento, em nova sessão do colegiado.
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