O senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou na tarde de hoje (22) que assim que abrir uma janela no trancamento da pauta do Plenário da Casa, o que pode acontecer já na semana que vem, o projeto de lei 41/2010 que regulamenta o acesso a informação pública deverá ser finalmente votado. De acordo com o senador, o projeto é uma das prioridades do governo no Congresso e já foi concedido tempo suficiente para que fosse discutido nas comissões. O projeto chegou ao Senado em abril do ano passado.
De acordo com o senador, os integrantes da base aliada que forem contrários ao texto enviado pela Câmara poderão apresentar voto em separado, caso do senador Fernando Collor (PTB-AL), relator do projeto na Comissão de Relações Exteriores.
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No entanto, ficou decidido na reunião ordinária da CRE, hoje pela manhã (22), que será votado na próxima semana um requerimento do senador Francisco Dornelles (PP-FJ) para realizar audiência pública com o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general José Elito Carvalho Siqueira, para debater o projeto sobre acesso a informação.
Presidente da comissão, Collor aproveitou para criticar a resposta que o GSI enviou sobre o pedido de informação feito na semana passada pelo senador. Das oito perguntas, apenas quatro foram respondidas, e as respostas foram classificadas como “genéricas” por Collor. A senadora Ana Amélia (PP-RS) sugeriu que um novo requerimento seja enviado ao GSI. Porém, o senador Aníbal Diniz (PT-AC) informou que pediria verificação de votação, caso o requerimento fosse votado. Por isso, Collor desistiu de votar, uma vez que não haveria quórum suficiente. Manifestaram-se a favor do novo requerimento os senadores Sérgio Souza (PMDB-PR) e Luís Henrique (PMDB-SC).
De acordo com o GSI, existem apenas dois documentos classificados como ultrassecretos no governo federal. O general José Elito informou ainda que existem documentos classificados como secretos (4.116); confidencial (56.644) e reservados (8.344). De acordo com a resposta, o GSI produz por ano cerca de 2.850 documentos sigilosos e 1.860 “documentos ostensivos”.
Collor disse estranhar que existam apenas dois documentos ultrassecretos, enquanto a “esmagadora maioria” seria de documentos confidenciais.
Acrescentou ainda que, de acordo com a resposta obtida do governo, o ministro confirma não só haver subscrito o PLC 41/10 como também haver participado das discussões sobre o texto original do projeto. Segundo o senador, o documento enviado pelo GSI não esclarece se o número mencionado de documentos classificados inclui os referentes à Agência Brasileira de Informação (Abin). – O GSI informa que acompanha tramitação e aguarda a eventual aprovação do projeto, para posterior adaptação do órgão às novas regras. Coloca-se em posição passiva diante da matéria, apesar de ser talvez o maior interessado na nova lei – disse Collor, ao comentar a resposta obtida.
Collor ainda relatou diversas conversas sobre o tema mantidas com integrantes do governo, incluindo o ex-ministro chefe da Casa Civil Antônio Palocci e a presidenta Dilma Rousseff. Ainda que o pedido de urgência do governo pela aprovação do projeto tenha sido enviada há mais de três meses, o senador disse ter sido pego de surpresa e reiterou a necessidade de maior debate sobre a matéria na comissão.
O senador também disse que “os acordos internacionais hoje existentes sobre a matéria viabilizam a troca de informações sigilosas, bem como o credenciamento de pessoas envolvidas em negociações de caráter sigiloso. Até o momento, o Brasil celebrou tratados sobre a matéria com seis países: Portugal, Espanha, França, Rússia, Israel e Itália”.
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