Silvio Abdon/CLDF
O Senado continua hoje (sexta-feira, 6) a investigação do caso envolvendo o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) – que renunciou na quarta-feira após ser flagrado negociando uma partilha de R$ 2,23 milhões no escritório do empresário Nenê Constantino. Seu primeiro suplente, Gim Argello (PTB-DF), diz que assume semana que vem, mas ele responde a diversos processos e denúncias.
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O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), terá na manhã de hoje uma audiência com o juiz da 1ª Vara Criminal de Brasília, Roberval Belinati, e os promotores do Ministério Público do DF que investigam a chamada Operação Aquarela, executada em conjunto com a Polícia Civil. O inquérito dá conta de fatos sobre Gim que interessam aos senadores. Ou seja: manter a apuração do caso Roriz terá, aqui, o efeito de dar início a outra investigação, agora sobre o seu primeiro suplente, o controvertido ex-deputado distrital Gim Argello.
Uma escuta telefônica flagrou o encontro do suplente com Constantino e Deodomiro Alves Silva. Deodomiro é representante de uma empresa do ex-deputado Wigberto Tartuce numa negociação de terreno em que o ex-parlamentar obteve lucro de cerca de 200% com uma lei para mudar a destinação do lote. Ao portal G1, petistas informaram que Gim, quando era deputado da Câmara Legislativa do Distrito Federal, trabalhou pela aprovação da lei.
Tuma já havia recebido documentos da Justiça referentes a Roriz: papéis e dois CDs com as seis escutas que envolvem o nome do senador com o então presidente do Banco de Brasília, Tarcísio Franklin de Moura, acusado pelo MP de lavar dinheiro. Agora, as atenções se voltam para o suplente. “Eu confio no Judiciário”, afirmou Tuma.
Beira-mar
Para o corregedor, Gim pode ser investigado pelo Congresso tendo em vista tanto os fatos narrados na Operação Aquarela, quando já era diplomado suplente de senador, quanto as denúncias anteriores, quando não era um congressista. “Imagina se o Fernandinho Beira-Mar é eleito para o Congresso e aí o Congresso não apura o passado dele?”, questiona Tuma.
Mas nem todos os senadores raciocinam da mesma forma. Para José Nery (PSOL-PA), do partido que representou contra Roriz, só os fatos novos podem ser apurados. A folha corrida de Gim não deve ser considerada, porque aconteceu fora de seu mandato como suplente, entende ele.
Demóstenes Torres (DEM-GO) também pensa dessa forma. “Por esse fato [grilagem de terras], ele não pode ser processado pelo Conselho de Ética”, disse ele ontem. Em tom de crítica, o senador lembrou que, assim como acontece com Gim, vários outros parlamentares assumiram os mandatos cheios de problemas com o Judiciário. “Já temos muitos aqui desse jeito. É mais um”, comentou Demóstenes.
Batalha jurídica
Nery observa, porém, que o envolvimento de Gim na Operação Aquarela pode mudar isso. Nesse caso, os fatos ocorreram quando Gim já era suplente de senador. José Nery prevê mais uma batalha jurídica. Ele acredita que muitos vão alegar que o novo senador não poderá ser processado pelo Conselho de Ética porque era suplente e não titular do mandato. Nery pensa diferente, mas pretende fazer uma consulta jurídica para embasar seu pensamento e convencer os colegas.
“Vamos ver se ele [Gim] assume, depois vamos ver se há juridicidade e depois veremos o conteúdo dos documentos das investigações que o envolvem em prováveis ilícitos”, detalhou o senador ontem à tarde. “Não decidimos ainda se vamos fazer representação”.
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