O senador Pedro Simon (PMDB-RS) subiu agora há pouco à tribuna do plenário para manifestar, como uma espécie de porta-voz dos senadores, a “profunda estranheza” do Parlamento brasileiro em relação à idéia do presidente norte-americano George W. Bush em reativar a 4ª Frota. Segundo Simon, Bush não teria autoridade suficiente, nesse momento final de seu segundo mandato, para tomar decisões desse calibre.
“Por que um presidente tomaria uma decisão como essa às vésperas das eleições?”, questionou o senador, mencionando a reta final da disputa entre os candidatos Barak Obama e John MacCain à Casa Branca. “Não dá para entender que, a dois meses da eleição [presidencial dos EUA], ele queira reativar a 4ª Frota", completou Simon, lembrando que pesquisas junto ao povo norte-americano mostram Bush como o presidente com o mais baixo índice de popularidade da história dos EUA.
A 4º Frota foi um destacamento da marinha norte-americana criado em 1942 (durante a Segunda Guerra Mundial) para patrulhar a costa litorânea do Atlântico Sul, diante dos seguidos ataques dos exércitos nazistas, liderados pela Alemanha, por via marítima. Na década de 1950, a Frota foi teoricamente desativada, e sua reativação vem acompanhada do qualificativo de missão "humanitária". A versão foi atribuída por Simon ao embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, com quem o ministro da Defesa, Nelson Jobim, teve contato no fim de junho para tratar deste e outro assuntos.
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"Ele [Sobel] estranhou nossa reação dizendo que a 4ª Frota seria uma missão humanitária, para ajudar, de paz e amor", ironizou Simon, destacando que o "movimento" de questionamento da reativação da Frota deve ganhar força. "Os EUA não são o dono nem a polícia do mundo, não têm por que enviar uma 4ª Frota para os mares do Sul para aterrorizar os americanos aqui embaixo."
Defesa nacional
O senador gaúcho adiantou que, na próxima quinta-feira (14), uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado terá a presença do ministro Nelson Jobim. Em pauta, além do assunto que ensejou a audiência, os termos das duas cartas que serão elaboradas por membros da CRE sobre a recriação da 4ª Frota e entregues a Obama e MacCain. Segundo Simon, ficará claro no teor da correspondência o já citado "estranhamento", e mesmo objeção, dos parlamentares brasileiros quanto ao envio da Frota aos mares do Sul.
De acordo com Simon, que esteve em alguns países da Europa durante o recesso de julho, as manchetes dos jornais do Velho Continente têm destacado o Brasil como a próxima grande potência produtora. Para o peemedebista, o avanço da exploração de petróleo em grandes profundidades e o alto potencial de produção de biodiesel (energia alternativa), além da Amazônia, levam os demais países a apostar na hipótese.
"Manchetes do mundo inteiro mostram o Brasil como o novo expoente, um produtor de primeira grandeza entre os grandes líderes mundiais", acrescentou Simon, sugerindo que o envio da 4ª Frota poderia ter interesses obtusos que não os puramente humanitários. (Fábio Góis)
Matéria atualizada às 17:26.
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