Mário Coelho e Rudolfo Lago
O dia termina em impasse quanto à indicação do substituto de Luiz Sérgio no Ministério das Relações Institucionais. Logo após a presidenta Dilma Rousseff indicar a sua preferência pelo nome da ministra da Pesca, Ideli Salvatti, para o cargo, seu nome foi sondado no Senado e na Câmara. No Senado, o nome foi bem aceito, no PT e nos demais partidos da base. Na Câmara, porém, permanecem as resistências, especialmente no PT.
O problema é que Luiz Sérgio foi uma indicação da bancada petista na Câmara a Dilma. Se for substituído por Ideli, a Câmara perderá um cargo para alguém que passaria a ser considerada da “quota pessoal de Dilma”. Os petistas resistem à solução.
“Se vocês insistirem nesta tese, vocês vão errar”, disse um deputado petista, quando questionado sobre a possibilidade de Ideli assumir a secretaria. Na Câmara, a solução defendida é a ida do líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), para o Ministério das Relações Institucionais. Para o lugar do paulista na liderança do governo, iria o deputado Pepe Vargas (PT-RS). Fala-se também no deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). A expectativa de governistas é que a situação esteja resolvida amanhã (10) ou até a próxima segunda-feira (13).
Problemas internos
Durante todo o dia, os líderes petistas estiveram reunidos tentando resolver seus problemas. O recado de Dilma foi claro para os petistas: ?O problema é de vocês. Encontrem uma solução”. Depois de uma primeira reunião no final da manhã, à tarde voltaram a se reunir o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), Vaccarezza e o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (PT-SP).
A reunião ocorreu no fim da tarde e início da noite desta quinta-feira (9) no gabinete da presidência da Câmara. As diferenças entre os três são hoje a principal causa dos problemas de articulação política do governo, na avaliação da própria Dilma. Por isso, eles se reuniram para afinar o discurso.
Em público, resolveram ressaltar que, com exceção da votação do Código Florestal, a base votou de acordo com os desejos do governo. “Não temos diferença, estamos trabalhando de forma articulada”, disse Maia. “Estamos acertando nosso procedimento”, completou, ao ser questionado sobre o motivo do encontro.
O diagnóstico da presidenta Dilma para os seguidos problemas que têm acontecido na relação de seu governo com sua base política no Congresso é que a peça-chave dessa crise é o seu próprio partido: o PT. Desde a transição, da construção do Ministério e, principalmente, da eleição de Marco Maia para a presidência da Câmara, as várias correntes do partido não se entendem. “Nossa intenção é acabar com essa impressão que tem sido passada de que há uma disputa entre os deputados do PT, não há isso. A bancada está unificada”, afirmou Maia.
Segundo o presidente da Câmara, na reunião não foi tratada a possível saída de Luiz Sérgio da Secretaria das Relações Institucionais. Os três mantiveram o discurso. Disseram que não vão tratar da possibilidade de substituir o atual titular da pasta. Vaccarezza chegou a dizer que se sente “constrangido” toda vez que lê sobre o assunto. “Eu rechaço com veemência qualquer indicação do meu nome. A avaliação do Luiz Sérgio é uma avaliação de sucesso”, comentou.
Apesar do discurso público de manutenção de Luiz Sérgio, petistas defendem a saída dele do cargo. “A manutenção dele fazia sentido no modelo que existia. Como esse modelo não existe mais, tem que sair”, disse um parlamentar. Ele se referia ao fato de Antonio Palocci acumular a Casa Civil com articulação política. A entrada de Gleisi Hoffman no cargo do petista mudou o perfil da pasta, que terá um caráter mais técnico, de tocar os projetos do governo.
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