A Polícia Federal divulgou há pouco trechos do diálogo em que o coordenador da Operação Satiagraha, o delegado Protógenes Queiroz, discute a sua saída da investigação com a cúpula da entidade.
Na conversa, ocorrida na última segunda-feira (14), na sede da PF em São Paulo, Protógenes diz que não tem intenção de permanecer na coordenação do caso. Por outro lado, ao longo dos trechos liberados pela PF, não há a confirmação de que o delegado pretende se afastar definitivamente do inquérito.
"Até mesmo depois da academia eu não pretendo. A minha proposta é: eu fico até o final da operação, porque eu criei uns problemas para os meus colegas delegados, criei um grande problema, e eu acredito que para você também, e a minha proposta é essa. É permanecer a minha vinculação no seu gabinete à sua disposição até o final dos trabalhos, pra não ficar aquela pecha de que Brasília vem fazer operação nos Estados e deixa no meio do caminho. As minhas nunca ficaram no meio do caminho. As minhas nunca ficaram. E, a exemplo dessa, não vai ficar", afirma Protógenes e acrescenta em seguida: “Com um diferencial, eu não vou estar presidindo. Eu não pretendo presidir nenhuma investigação”.
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Após os relatos, o diretor de combate ao crime organizado da PF de Brasília, Roberto Troncon Filho, pergunta se seria possível a conclusão do inquérito antes do início do curso superior de polícia, motivo alegado para o afastamento.
“Se você concluir antes de ir para academia, sem nenhum problema. Agora se não conseguir, se requer maior tempo, maior análise, aí a gente passa para um dos colegas”, concluiu Troncon
Além de Protógenes, também se afastaram do caso os delegados Carlos Pellegrini e Karina Souza. Deve assumir no lugar de Karina, o chefe da Delefin (delegacia de combate a crimes financeiros) de São Paulo, Ricardo Saadi. Já Pellegrini deixa o posto para a delegada Érika Marena.
A decisão de publicar trechos da conversa dos integrantes da PF ocorreu após o encontro, realizado hoje, entre o Presidente Lula, o Ministro da Justiça Tarso Genro e o diretor-geral da Polícia Federal em exercício, Romero Menezes.
Deflagrada após a eclosão do escândalo do mensalão, a Operação Satiagraha investiga supostos crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta, formação de quadrilha e tráfico de influência para a execução de movimentações financeiras com informações privilegiadas. Entre os acusados de envolvimento no esquema está o dono do Opportunity, Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo (1997-2000), Celso Pitta. (Erich Decat)
Matéria atualizada às 19h20
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