Folha de S. Paulo
Sarney vendeu terra comprada em 2001 de morto em 1996
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), vendeu em 2002 terras compradas um ano antes de um comerciante morto em 1996.
Afirmando ser “legítimo possuidor e proprietário”, Sarney negociou o terreno registrado no nome de seu ajudante de ordem Wanderley Ferreira de Azevedo. A área, de 33,88 hectares (equivalente a 33 campos de futebol), é parte do sítio São José do Pericumã, na divisa de Goiás com o Distrito Federal.
Segundo registros em cartório de Luziânia (GO) e São Paulo, localizados pela Folha, Wanderley comprou a fazenda em junho de 2001 de Antônio Joaquim de Araújo Mello.
Tonho Mello, como era conhecido na região, foi enterrado em em Luziânia, no dia 12 de dezembro de 1996. Sua morte está registrada em certidão de óbito na cidade goiana.
O negócio pode configurar a prática de crimes como falsidade ideológica e estelionato. Se uma investigação confirmar que o objetivo era fugir de impostos ou ocultar a origem dos recursos, os envolvidos podem responder também por sonegação e lavagem de dinheiro.
Tonho Mello já havia vendido para o senador, no início da década de 1980, outros três terrenos que compõem o Pericumã, cenário de tomada de decisões no período em que Sarney era presidente da República.
Todas as áreas foram incluídas por Sarney em um “compromisso de compra e venda” pelo qual ele negociou os 540 hectares do sítio Pericumã com a Divitex, empresa da qual é sócio. O negócio foi fechado por R$ 3 milhões em 2002.
O documento divide o sítio em 19 partes, entre elas a de 33,88 hectares registrada à época em nome de Wanderley.
Ele já teve cargo no Senado, entre julho de 1995 e fevereiro 1997. Nomeado por Sarney, ocupava vaga na gráfica. Depois, foi empregado na Presidência da República, na cota de assessores de ex-presidentes.
Assessor diz que não vendeu área ao senador
Procurado por meio da assessoria, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não respondeu aos questionamentos da Folha sobre a venda de um terreno que não estava no nome dele e foi comprado, por seu ajudante de ordens, Wanderley Ferreira de Azevedo, de um homem morto anos antes.
Sarney não esclareceu por que incluiu no compromisso de compra e venda do sítio Pericumã a área registrada em nome do assessor. Sempre resistente em falar sobre o negócio, alega ser “assunto da privacidade dele”.
Ontem, Wanderley não quis falar sobre o negócio firmado em 2001 com o comerciante morto cinco anos antes. Pediu para que a reportagem procurasse a assessoria de imprensa do presidente do Senado.
“Atos ultrassecretos” dão reajuste retroativo
O Senado ainda ignora 35 boletins administrativos de pessoal que contêm, em sua maioria, atos secretos sobre aumento de salários com pagamentos retroativos. Os documentos ficaram de fora do relatório final da comissão de sindicância que investigou o escândalo. Até agora não se sabe o motivo, mas servidores da Casa já chamam os atos de “ultrassecretos”.
Dos 35 boletins encontrados pela Folha, 22 tratam da designação e dispensa de servidores de funções comissionadas. No Senado, funcionários concursados podem ganhar salários adicionais, que variam de R$ 1.320,96 a R$ 2.476,81, para exercer cargos de chefia. Essas funções são disputadas principalmente por servidores sem curso superior cujos salários são mais baixos na Casa.
A Folha encontrou “os atos ultrassecretos” em boletins editados em 1998 e 1999 e disponibilizados na rede de intranet do Senado só entre maio e junho deste ano. Os critérios adotados foram os mesmos utilizados pela sindicância.
Informada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Direção Geral tentou, durante dois dias, localizar a publicação dos 35 boletins -no entanto, nenhum deles foi encontrado no arquivo do Senado.
Lula reajusta Bolsa Família e chama críticos de “imbecis”
No mesmo dia em que o governo federal anunciou o reajuste de 9,68% no valor do benefício do Bolsa Família, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “imbecil” e “ignorante” os que criticam o principal programa assistencial de sua administração.
“Ainda tem gente que critica o Bolsa Família, e eu acho normal. Eu atingi uma idade que não tenho mais o direito de me ofender com essas coisas. Dizem assim: “O Bolsa Família é uma esmola, é assistencialismo, é demagogia, e vai por aí afora'”, afirmou o presidente.
“Tem gente tão imbecil, tão ignorante que fala: “O Bolsa Família é para deixar as pessoas preguiçosas, porque quem recebe o Bolsa Família não quer mais trabalhar'”, disse Lula.
O aumento passa a valer a partir de 1º de setembro, segundo decreto presidencial publicado no “Diário Oficial” de ontem, e supera a inflação em 4%.
O benefício médio, pago atualmente a 11,3 milhões de famílias, passará de R$ 86 para R$ 95, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social. Será o terceiro aumento em seis anos de programa: em agosto de 2007 houve uma recomposição de 18,25% e, em junho do ano passado, um reajuste médio de 8%.
O benefício mínimo passará de R$ 20 para R$ 22, pago a famílias com renda entre R$ 70 e R$ 140 mensais por pessoa e com só um filho de até 15 anos.
BNDES dará crédito para laptop estudantil
O Palácio do Planalto anunciou ontem a criação de uma linha de crédito de R$ 600 milhões, pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para estimular prefeituras e governos estaduais a comprarem laptops para alunos de escolas públicas.
Tomando-se por base a última licitação do governo para a compra de laptops (na qual a menor oferta de preço apresentada foi de R$ 550,33 por computador), a linha de crédito daria para comprar pouco mais de 1 milhão de laptops, o que atenderia a 3% dos 35 milhões de alunos da rede pública de ensinos médio e fundamental.
A liberação do dinheiro foi anunciada ontem pelo presidente Lula em Piraí (RJ), antes de a linha de crédito ser aprovada pela diretoria do BNDES.
Segundo a assessoria do banco, a proposta ainda está em estudo. O porta-voz do governo para o programa Um Computador por Aluno, Cezar Alvarez, chefe de gabinete adjunto do presidente Lula, disse que os detalhes do financiamento serão definidos em até 30 dias.
TJ proíbe “Estado” de noticiar ação contra filho de Sarney
O desembargador do TJ (Tribunal de Justiça) do Distrito Federal Dácio Vieira proibiu ontem, em decisão liminar, o jornal “O Estado de S. Paulo” de publicar qualquer informação relativa à Operação Boi Barrica, ação da Polícia Federal que investiga, entre outros, Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
A investigação da PF corre sob segredo de Justiça. Se não respeitar a decisão -que não foi divulgada por também ser sigilosa- , o jornal será punido com multa de R$ 150 mil por cada reportagem publicada. O desembargador atendeu pedido de Fernando Sarney, que é dono de um grupo de comunicação no Maranhão.
Após ter pedido negado na Justiça Federal, o advogado de Fernando, Eduardo Ferrão, entrou com uma ação, juridicamente chamada de medida inibitória, na Justiça do DF. O requerimento foi negado na primeira instância do TJ-DF por um juiz que entendeu que a proibição seria uma afronta à liberdade de imprensa e também que o conteúdo da Faktor já havia se tornado público.
Ferrão recorreu então à segunda instância, na qual obteve a decisão favorável a Fernando.
Para o advogado, “não se trata de censura”. “A operação está sob segredo de Justiça, divulgar seu conteúdo é crime. Foi o que o desembargador disse.”
O Estado de S. Paulo
Liminar proíbe ”Estado” de noticiar investigação sobre filho de Sarney
O desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), proibiu o Estado de publicar reportagens que contenham informações da Operação Faktor, mais conhecida como Boi Barrica. O recurso judicial, que pôs o jornal sob censura, foi apresentado pelo empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
O pedido de Fernando Sarney chegou ao desembargador na quinta-feira, no fim do dia. E ontem pela manhã a liminar havia sido concedida. A decisão determina que o Estado não publique mais informações sobre a investigação da Polícia Federal e proíbe os demais veículos de comunicação – emissoras de rádio e televisão, além de jornais de todo o País – de utilizarem ou citarem material publicado pelo Estado.
Em caso de descumprimento da decisão, o desembargador Dácio Vieira determinou aplicação de multa de R$ 150 mil – por “cada ato de violação do presente comando judicial”, isto é, para cada reportagem publicada. O pedido inicial de Fernando Sarney era para que fosse aplicada multa de R$ 300 mil.
RECURSO
O advogado do Grupo Estado, Manuel Alceu Afonso Ferreira, avisou que vai recorrer da decisão. “Há um valor constitucional maior, que é o da liberdade de imprensa, principalmente quando esta liberdade se dá em benefício do interesse público”, observou Manuel Alceu. “O jornal tomará as medidas cabíveis.”
O diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, afirmou que a medida não mudará a conduta do jornal. “O Estado não se intimidará, como nunca em sua história se intimidou. Respeita os parâmetros da lei, mas utiliza métodos jornalísticos lícitos e éticos para levar informações de interesse público à sociedade”, disse Gandour.
Ex-consultor do Senado, juiz é próximo da família
Ex-consultor jurídico do Senado, o desembargador Dácio Vieira, que concedeu a liminar a favor de Fernando Sarney e pôs o Estado sob censura, é do convívio social da família Sarney e do ex-diretor-geral Agaciel Maia. Dácio Vieira foi um dos convidados presentes ao luxuoso casamento de Mayanna Cecília, filha de Agaciel, no dia 10 de junho, em Brasília. Na mesma data, o Estado revelou a existência de atos secretos no Senado. O presidente José Sarney (PMDB-AP) foi padrinho do casamento.
Sarney, o desembargador Dácio Vieira e Agaciel aparecem juntos em foto na festa do casamento de Mayanna. A fotografia foi publicada numa coluna social do Jornal de Brasília, três dias após o casamento. Ao lado deles, estava o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
As mulheres de Agaciel, Sânzia Maia, e de Dácio, Ângela, também aparecem na foto.
Em 12 de fevereiro, Sarney compareceu à posse do desembargador na presidência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal.
Em sua passagem pelo Senado, Dácio trabalhou na gráfica da Casa. Lá, foi colega de Agaciel. Foi na gráfica que começou a trajetória de poder de Agaciel no Senado: de lá, pelas mãos de Sarney, em 1995, ele foi guindado ao posto de diretor-geral, onde acumulou superpoderes que culminaram com a edição dos atos secretos, revelados pelo Estado.
Dácio fez carreira no Senado. De acordo com seu currículo, disponível na página do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, ele foi designado em 1986, na condição de advogado, para ocupar o cargo de “titular da Assessoria Jurídica do Centro Gráfico do Senado”. Depois, foi promovido à condição de consultor jurídico da Casa.
O currículo do desembargador diz ainda que, por designação especial, ele esteve à disposição da presidência do Senado, com atuação na consultoria-geral da Casa. Sua atuação, segundo o currículo: “Encaminho (sic) de informações e razões de defesa em ações judiciais de interesse da instituição, havendo registro, à época, deste proceder, por parte da presidência da Casa, senador Mauro Benevides (Biênio de 1990/1991).”
O currículo informa ainda que, como consultor jurídico do Senado, Dácio trabalhou na implantação de mudanças no plano de carreira dos servidores da Casa. Em 1992, quando trabalhava no Senado, foi indicado para ocupar vaga do TRE de Brasília destinada a advogados. Recusou, segundo o currículo, “pela natureza do cargo exercido à época no Senado”.
Renan comanda resistência à renúncia de Sarney
Decidido a comandar a resistência à possível renúncia do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ao cargo, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), resolveu esticar a corda e partir para cima da oposição. A estratégia é pôr a tropa de choque do PMDB para se revezar na tribuna do Senado, a partir desta segunda-feira, quando acaba o recesso parlamentar, denunciando ininterruptamente erros da oposição, em particular do líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM). No início da semana, o PMDB promete entrar com três a quatro representações contra o tucano no Conselho de Ética do Senado.
O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) foi escolhido como porta-voz do clima de beligerância que tomará conta da Casa na volta do recesso.
“Na atual conjuntura, não tem ninguém limpo no Senado. A ética que era praticada pelos senadores não é mais aceita pela sociedade. Isso tem de mudar. Agora, o que não pode é encontrarem apenas um boi de piranha para isso, um boi com bigode”, afirmou Salgado, um dos integrantes da tropa de choque de Sarney e do líder do PMDB.
Renan adianta que vai se reunir com os líderes partidários para definir os próximos passos na crise do Senado. “Licença ou renúncia não estão nas intenções do presidente Sarney. Isso interessa apenas a setores da oposição e a um pequeno segmento da mídia”, disse o líder do PMDB.
Uma das estratégias da tropa de choque peemedebista é tentar pôr todos os senadores no mesmo balaio, nivelando por baixo a conduta dos parlamentares. “Existe uma lista de senadores que praticaram atos fora do padrão”, ameaça Salgado, sem nominar esses parlamentares.
Renan avalia que será o alvo do bombardeio da oposição se Sarney sair agora. Quer, por isso mesmo, esticar a corda até o limite para encontrar uma solução negociada. Em conversas reservadas, o líder do PMDB tem dito que, se os tucanos não recuarem no ataque a Sarney, “vai sobrar para todo mundo”. A bancada do PMDB no Senado tem ordem para radicalizar a ofensiva contra quem quiser posar de “vestal”.
Escândalo no Senado é ”histórico”, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que as denúncias que recaem sobre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), são “uma coisa histórica” na Casa – ou seja, as irregularidades não estão restritas ao senador aliado.
Depois de ter atenuado a defesa do presidente do Congresso, na véspera, ao afirmar que esse não é um problema seu, Lula foi perguntado, em entrevista à rádio mineira Itatiaia, ao desembarcar em Belo Horizonte, sobre as sucessivas declarações que vinha fazendo em apoio ao parlamentar e aliado.
O presidente argumentou que somente os senadores devem ser cobrados pela opinião pública, já que foram eles que elegeram o peemedebista para comandar a Casa.
O repórter relatou que vinha sendo abordado nas ruas por populares, que não entendiam, pela história de Lula, a defesa do presidente do Senado, envolvido em tantos “escândalos”.
“É o meu senso de justiça. Eu não quero para mim, eu não quero para o presidente Sarney, eu não quero para você e para nenhum brasileiro o julgamento precipitado, sem que haja as investigações corretas”, justificou Lula.
“O presidente Sarney está sendo acusado de muitas coisas, ou seja, de ato secreto, contratação de pessoas, e dá a impressão de que é apenas o presidente Sarney. Dá a impressão de que é uma coisa que começou ontem. Isso é uma coisa histórica no Senado brasileiro.”
Planalto faz acordo para mudar lei e acelerar obras
Preocupado em destravar as obras do Programa de Aceleração Crescimento (PAC) em ano eleitoral, o governo fechou um acordo com senadores para acelerar a aprovação da nova Lei de Licitações, em discussão no Congresso desde 2007. Ficou acertado que haverá restrição à utilização de pregão para contratação de obra pública ou de serviços de engenharia.
Esse era o maior empecilho para a aprovação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) de proposta que altera a Lei 8.666/93, que regulamenta as licitações. A proposta do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, atendeu tanto aos interesses do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), relator da matéria na CAE , que defendia licitação para todas as contratações, quanto a Francisco Dornelles (PP-RJ), que queria impedir o uso do pregão para obras e serviços de engenharia.
Bernardo se empenhou pessoalmente para resolver o problema. Em reunião com senadores, ele sugeriu a criação de limites de preços para que a contratação de obras e serviços de engenharia pudesse ser feita por pregão. Pelo acerto, será obrigatório o uso do pregão apenas para as obras de até R$ 500 mil.
A partir desse valor, até R$ 3,4 milhões, o responsável pela contratação deverá escolher entre o uso do pregão ou demais modalidades da Lei 8.666 – a legislação que regulamenta as licitações -, podendo até utilizar a inversão parcial de fases.
Na inversão, primeiro são analisadas a habilitação técnica e condição financeira dos concorrentes e, só depois, o preço. No caso das licitações acima de R$ 3,4 milhões, será obrigatória a utilização da inversão.
O desejo do governo de alterar a Lei de Licitações foi explicitado em 2007, com o lançamento do PAC. A avaliação do governo era da necessidade de adequar a lei para apressar a contratação das obras, que ficava travada na Justiça.
Crítico do Bolsa-Família é ”imbecil”, diz Lula
Ignorante é quem ainda acredita que o Bolsa-Família é esmola, é assistencialismo.” A afirmação é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ontem esteve em Belo Horizonte e fez mais uma defesa do principal programa social de seu governo.
Segundo ele, enxergar o Bolsa-Família como assistencialismo é ver o País de “forma simplista”. “Tem gente tão imbecil e ignorante que ainda fala que o Bolsa-Família é para deixar as pessoas preguiçosas, porque quem recebe não quer mais trabalhar”, disse o presidente. “A ignorância é de tal magnitude que as pessoas pensam que um ser humano vai ganhar R$ 85 e vai deixar de ter perspectiva que ganhar os R$ 616 que a Mônica que vai ganhar por um trabalho decente.”
Mônica Barroso, de 28 anos, foi uma das alunas que receberam ontem o diploma de pedreira, com emprego garantindo.
Ao todo, 457 alunos da capital mineira receberam certificados em cursos de formação como pedreiro, eletricista, torneiro mecânico e pintor, entre outros. Os cursos fazem parte do Plano Setorial de Qualificação e Inserção Profissional para o Bolsa-Família.
PSDB traça estratégia para Serra no Nordeste
A mais de um ano das eleições presidenciais, o PSDB já definiu seu plano de ação para “nordestinizar” o partido e os dois pré-candidatos tucanos ao Palácio do Planalto em 2010, os governadores José Serra e Aécio Neves. A estratégia é organizar, ao menos uma vez por mês, eventos da legenda no Nordeste, aumentar a frequência das visitas de Serra e Aécio e ocupar espaço na mídia regional, colocando ambos para dar entrevistas – mesmo à distância – a rádios e jornais.
“Vamos ter uma campanha para o Brasil e outra para o Nordeste”, anuncia o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), mas fazendo segredo sobre o plano de ação. O diagnóstico do tucanato é de que o centro da disputa presidencial no ano que vem será o Nordeste. E, para entrar nesta briga com chances reais de vitória, o PSDB, que perdeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas últimas eleições (2002 e 2006) em todos os Estados nordestinos, sabe que precisa romper com a imagem de partido dos grandes centros urbanos.
O movimento de conquista do eleitorado nordestino estava sendo feito, até agora, muito timidamente e de forma não planejada. A partir deste mês, haverá um calendário oficial de reuniões e encontros em Estados estratégicos – como Pernambuco, a terra natal de Lula, e Ceará, berço político do deputado Ciro Gomes (PSB).
Líder nas pesquisas para a corrida presidencial, Serra faz hoje uma visita a cidades dos dois Estados. Será a quarta viagem dele a Pernambuco neste ano. “Já estamos preparando uma agenda forte do partido em São Paulo para liberar o Serra para percorrer outros locais do País”, diz o secretário-geral do PSDB-SP, César Gontijo.
Guerra diz que a programação não faz parte do plano de ação eleitoral do partido. “Ele está indo a convite de um radialista muito conhecido em Pernambuco, que o entrevistou e o chamou para participar das homenagens a Luiz Gonzaga.”
PV convida Marina Silva para disputar 2010
Decidido a sair da sombra em 2010, o PV está de olho na senadora Marina Silva (PT-AC) para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A direção nacional procurou a ex-ministra do Meio Ambiente esta semana e fez o convite para que ela deixe o PT.
A decisão de ter candidato próprio já havia sido tomada no início de julho, após uma reunião da Executiva Nacional. Na última quarta-feira, o presidente nacional do partido, José Luiz Penna (SP), e outros dirigentes passaram nada menos do que quatro horas reunidos com a ex-ministra, em Brasília, para formalizar o convite.
Marina ainda não deu uma resposta. Mas confirmou, por meio de assessores, que “tem grande apreço pelos líderes do PV” e está de fato avaliando a proposta. Ela ressalta, porém, que a conversa de quarta-feira foi apenas preliminar.
Na reunião com a direção do PV, Marina ouviu dos “verdes” que sua biografia se encaixaria perfeitamente nos planos do partido de lançar um nome próprio para o Planalto. De quebra, o fato de se tratar de uma figura com projeção nacional ajudaria a sigla a se fortalecer na eleição para o Legislativo.
O Globo
Lula chama os críticos do Bolsa Família de imbecis
Num dia em que ameaçou importar computadores para equipar escolas públicas; em que, incomodado com o desmanche do Corinthians, pediu uma lei para proibir a venda de jogadores para times estrangeiros durante a realização do Campeonato Brasileiro; e em que voltou a defender o senador José Sarney – menos de 24 horas após dizer que a crise do aliado não era problema seu – , o presidente Lula chamou ontem os críticos do programa Bolsa Família de ignorantes e imbecis. Os ataques do presidente foram feitos em Belo Horizonte, depois de ocupar palanques também no Rio.
O aumento de 9,67% nos benefícios do Bolsa Família foi publicado no Diário Oficial da União e será pago a partir de setembro, provocando despesa extra de R$ 406 milhões só este ano. O governo terá de pedir aprovação de crédito suplementar ao Congresso porque o Orçamento não previa o reajuste. (págs. 1, 3, 4, 35 e 41 e editorial “Bolsa Eleição”)
TJ-DF censura jornal devido a Sarney
O desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, proibiu ontem “O Estado de S. Paulo” de publicar qualquer informação que esteja sob segredo de Justiça no inquérito que investiga Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney. A liminar foi concedida a pedido de Fernando. O Jornal vai recorrer.
Gasto da Justiça com salários cresceu 40%
Levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que, só entre 2004 e 2008. houve um aumento de quase 40% nas despesas com a folha de pagamento de juízes e funcionários dos Tribunais de Justiça. O TJ do Piauí comprometeu 98,9% do orçamento de 2008 com pagamento de salários.
Correio Braziliense
Brasília esbanja no mercado de luxo
Conhecida pela política ou pela beleza arquitetônica, Brasília começa a ganhar notoriedade em outro segmento: o mercado de luxo. Em pesquisa realizada pela consultoria MCF, com mais de 100 empresas e 600 consumidores, a capital é citada por 48% dos entrevistados como local onde há interesse por produtos e serviços premium, ou exclusivos. Em 2008, o Distrito Federal foi responsável por 23% do total de expansões nesse segmento da economia.
O lançamento de uma ala de alto padrão no Park Shopping e a chegada do Iguatemi em 2010 são exemplos de iniciativas para atender esse requintado público. Analistas já identificaram uma demanda reprimida por marcas consagradas como Hermès, Prada e Victoria’s Secret. Profissionais que atuam no mercado descrevem as características da clientela local: mais do que futilidade ou ostentação, ela busca qualidade e exclusividade.
“Artigos de luxo também podem ser básicos e vice-versa. Discreto e elegante é uma boa combinação”, afirma a decoradora de eventos Helen Szervinski.
Cota racial ganha uma no Supremo
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, negou o pedido de liminar apresentado pelo DEM contra o sistema de cotas raciais adotado pela UnB. O partido queria impedir o registro de matrícula de 652 cotistas aprovados no vestibular da instituição. Gilmar Mendes deixou claro, porém, que não está convencido da constitucionalidade dos critérios adotados pela UnB.
Colômbia vai boicotar encontro
Governo do presidente Álvaro Uribe rejeita qualquer discussão sobre a instalação de bases dos Estados Unidos em seu país e não enviará representantes para a cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), dia 10, em Quito (Equador). Debate sobre as bases norte-americanas tem o aval do governo brasileiro.
Jornal do Brasil
PIB cai nos EUA, mas mercado fica eufórico
A economia dos EUA caiu menos do que o esperado: 1%, o quarto trimestre consecutivo de baixa. Foi algo que ocorreu pela primeira vez desde o início dos registros, em 1947. A queda mostrou-se maior no consumo das famílias americanas, responsáveis por dois terços da composição do Produto Interno Bruto, o que alimentou o temor de que a recuperação possa ser lenta. No balanço final das duas leituras, porém, ficou o ânimo dos maiores mercados do mundo. As bolsas fecharam em alta. Em Nova York, os investidores usaram o resultado do PIB americano para fechar o melhor mês de julho em 20 anos.
Royalties para todos os estados
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, divulgou alguns detalhes do modelo de exploração do pré-sal. Entre as regras, elaboradas por uma comissão ministerial, estão a divisão dos royalties com todos os estados e a criação de dois fundos de investimento.
Médicos da rede particular já podem receitar antivirais
O antiviral contra a gripe suína já pode ser receitado por médicos da rede privada, desde que preencham um formulário para que os pacientes peguem o remédio em um dos 57 prontos de distribuição no estado do Rio. Na capital, foram registradas mais quatro mortes. No Brasil, o total é de 76.
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