O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), delegou há pouco ao diretor-geral da Casa, Alexandre Gazzineo, a responsabilidade por comunicar a todos os diretores do Senado que deixem seus cargos à disposição da estrutura institucional. Ou seja, a partir de hoje, os 136 cargos de direção (diretores e adjuntos) podem receber novos comandos. A medida foi anunciada depois de reunião entre Sarney e o primeiro-secretário, Haráclito Fortes (DEM-PI), responsável pela gestão administrativa.
A informação foi repassada há pouco à imprensa, sem divulgação de nota oficial. Uma assessora da presidência do Senado, acompanhada de dois novos assessores de imprensa, adiantou que todos os diretores da Casa, “sem exceção”, devem receber o comunicado. A assessoria afirmou ainda que a decisão de Sarney faz parte de uma reforma geral nos quadros da instituição, e que mais medidas nesse sentido serão anunciadas amanhã (18).
Caso a decisão de Sarney seja mantida, o sucessor de João Carlos Zogbi na diretoria de Recursos Humanos, Ralph Campos Siqueira, cuja posse foi registrada ontem (16) no Boletim Interno do Senado, fica apenas um dia no cargo. Zogbi entregou o posto depois da notícia de que seu filho ocupava irregularmente um imóvel funcional da Casa.
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O anúncio da mudança nos cargos de comando é sintomática. Em menos de um mês, o Senado acumula ao menos seis denúncias de desmando na administração pública federal.
A série de denúncias contra o Senado começou com a não declaração à Receita Federal, por parte do ex-diretor-geral Agaciel Maia, de uma mansão milionária em bairro nobre de Brasília, o que levou a seu afastamento. Em seguida, foram revelados o pagamento de horas extras a mais de três mil servidores em pleno recesso parlamentar e o caso de João Carlos Zogbi. O uso de seguranças do Senado, por parte de Sarney, para segurança particular no Maranhão e a denúncia de "nepotismo terceirizado" também ganharam destaque.
O constrangimento dos senadores aumentou ontem (16), quando o Congresso em Foco mostrou com exclusividade o uso de passagens aéreas da cota de Roseana Sarney (PMDB-MA), paga com dinheiro público, para transportar amigos, parentes e empresários maranhenses ligados à líder do governo no Congresso. (Fábio Góis)
Atualizada às 17h58.
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