O senador José Sarney (PMDB-AP) enviou nota a este site esclarecendo que, quando aceitou recursos da Gusa Nordeste S/A para a sua campanha de reeleição em 2006, desconhecia o fato de a siderúrgica ter sido incluída entre as empresas autuadas por manter empregados em condições análogas às de trabalho escravo.
Referindo-se à matéria publicada na última terça-feira, ele também questiona o fato de o Congresso em Foco colocar o seu nome na lista dos 25 políticos financiados por empresas que integraram a chamada “lista suja”. E acrescenta que, de acordo com o seu conhecimento, os donos da Gusa Nordeste são "empresários respeitáveis que muito têm feito pelo desenvolvimento daquela região". (Sylvio Costa)
Veja abaixo a nota enviada pelo senador e a resposta deste site:
Nota enviada pelo senador Sarney
“Brasília, em 5 de outubro de 2007
1) Ao aceitar doação da Gusa Nordeste S/A, um ano atrás (as eleições foram em outubro de 2006), não poderia adivinhar que a referida empresa, no futuro (a lista seria publicada pelo site Congresso em Foco em janeiro de 2007), iria passar a figurar na lista de trabalho escravo no próximo ano. Antes de o Congresso em Foco publicá-la, não tinha conhecimento da sua existência no Ministério do Trabalho; e não fui procurado por nenhum veículo de comunicação para falar do assunto.
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2) Da mesma maneira, a matéria é contraditória, uma vez que o próprio site Congresso em Foco fala que a empresa Siderúrgica Gusa Nordeste S/A, pelos critérios do Ministério do Trabalho, ‘teve seu nome retirado recentemente’ da lista.
3) Por outro lado, do meu conhecimento, os proprietários são empresários respeitáveis que muito têm feito pelo desenvolvimento daquela região.
4) E, como todos sabem, fui o primeiro presidente a colocar o tema da necessidade de combate a essa atrocidade em discussão. Além de universalizar a saúde e a proteção previdenciária ao homem do campo (pescadores, deficientes e todos aquelas categorias que não eram assistidas), fiz com que a Coordenadoria de Conflitos Agrários do Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário – Mirad –, pioneiramente, divulgasse relatórios sobre o assunto, defendesse a desapropriação emergencial de imóveis rurais onde tal prática fosse identificada e encaminhasse denúncias à Anti-Slavery International.
Desde já agradecido pela atenção e sempre à sua disposição,
Senador José Sarney”
Nota da redação – antes de publicar a primeira reportagem sobre o assunto, em janeiro, este site procurou todos os políticos citados, incluindo o senador Sarney. Tanto naquela matéria quanto na reportagem publicada na terça, adotamos o mesmo critério: relacionamos todos os políticos financiados por empresas autuadas por exploração de mão-de-obra escrava. Como observa a nota do senador, o próprio site informou que a empresa foi posteriormente retirada da lista do Ministério do Trabalho, da qual ela já constava quando da realização das eleições de 2006. Por tudo isso, entendemos que o Congresso em Foco nem incorreu em contradição nem deixou de cumprir os mandamentos éticos e profissionais perseguidos por quem cultiva a prática do bom jornalismo.
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