Em relatório apresentado ontem, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) recomendou ao Conselho de Ética a cassação do mandato do deputado Pedro Corrêa (PE), presidente do PP. Como Sampaio está viajando, a leitura do voto foi feita pelo relator-substituto, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
No relatório, Sampaio se diz "perplexo" com a argumentação da defesa de Corrêa. O relator também afirma não ter dúvida da participação do parlamentar em esquemas irregulares com o PT. "Os fatos apontam para a responsabilidade do deputado Pedro Corrêa no recebimento de recursos irregulares, obtendo assim junto às instituições bancárias envolvidas a transferência das quantias sem prestação de contas ou comprovação da origem", diz Sampaio.
Corrêa é acusado de ser um dos operadores do mensalão. De acordo com as CPIs do Mensalão e dos Correios, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza repassou ao PP R$ 4,1 milhões a pedido do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Mas, em sua defesa, Corrêa alega que o PP recebeu R$ 700 mil de Valério para pagar advogados do ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC), que teve seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral sob a acusação de compra de votos.
Leia também
O relatório de Sampaio só não foi votado ontem porque o deputado Benedito de Lira (PP-AL) pediu tempo para analisar o parecer do relator. Com o pedido feito pelo deputado do PP alagoano, a votação do relatório de Sampaio seria adiada para amanhã, depois de duas sessões plenárias. Porém, os deputados querem decidir hoje se a votação do processo contra Corrêa será mesmo realizada após as duas sessões ordinárias do Plenário, ou se vão aguardar o retorno do relator, previsto para o final desta semana. O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), informou que a votação do relatório deve ser feita na sexta ou na segunda-feira.
Logo depois da leitura do relatório que pede a cassação de seu mandato, Corrêa afirmou que só vai considerar a possibilidade de entrar com um recurso depois de uma decisão definitiva do Conselho de Ética. “O próprio relator disse que eu não tive aproveitamento próprio, não peguei dinheiro de ninguém. É uma coisa boa”, afirmou, otimista. Indagado se continuaria à frente do PP caso o Conselho de Ética aprove a cassação de seu mandato, Corrêa respondeu: “o futuro, a Deus pertence”.
Deixe um comentário