O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou, em entrevista ao programa "Show Business" da RedeTV, que o partido precisa “botar o ouvido bem juntinho da rua, sentir o que o povo quer”. FHC defende que a legenda deve mudar sua estrutura, definir o que pensa sobre novos temas, como a Internet, o aquecimento global, a aposentadoria de trabalhadores temporários, e aprender a defender a sociedade como um todo.
“Precisamos de novo juntar gente. Estamos num momento em que temos que ouvir, refazer nossas idéias para serem compatíveis com o que o Brasil quer hoje”, disse.
O líder tucano também criticou a falta de definição do presidente Lula na formação do segundo governo: “Lula fez alianças com um arco enorme. O problema não é ele ter feito acordos com a direita, é que não tem rumo. Eu sempre me importei com isso, dar um rumo ao governo e ao país. Tem de definir: faz aliança para quê?”, questionou.
Em relação a possibilidade de manter um diálogo com o atual governo, FHC disse que o PSDB “deve ser construtivo, mas ser construtivo não pode ser aderir nem protestar simplesmente”. FHC aproveitou para ironizar ao falar que o “Lula dos primeiros tempos”, “não era o Lula de hoje, que não tem ideologia, não tem mais nada, só quer o poder”.
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O ex-presidente citou o filósofo italiano Norberto Bobbio e definiu a esquerda no mundo atual como “um sentimento de justiça e de igualdade”.
Sobre o Chile, FHC afirmou que se trata de um governo de esquerda, “mas sabe que o mercado conta, ao mesmo tempo em que sabe que o mercado não é tudo”. O PT, segundo FHC, não é mais socialista, “mas mantém o modelo” de um partido que representa a classe operária, chega ao governo e assim pretende mudar a sociedade.
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PT recebe doações de empresas para saldar dívida
O tesoureiro de campanha do presidente Lula, José de Filippi Jr., revelou que o PT está conseguindo doações de várias empresas para solucionar o rombo de R$ 10 milhões que restou da campanha presidencial do partido.
Filippi participou hoje (16) do seminário "Reforma Política e Cidadania", promovido pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, em São Paulo. De acordo com Filippi, o problema da dívida da campanha petista será resolvido nos próximos 15 dias: "Vamos tentar não deixar quase nada dos R$ 10 milhões até final de dezembro", disse.
Segundo a Agência Estado, o tesoureiro adiantou que R$ 2 milhões já entraram nos cofres do PT. No entanto, Filippi não quis adiantar os nomes das empresas doadoras. Outros R$ 5 milhões deverão ser doados nos próximos 15 dias. Desse total, R$ 250 mil virão de uma empresa que receou ter problemas para pagar o 13º salário e só concordou em fazer a doação depois de pagar os empregados.
Ainda de acordo com a Agência Estado, Filippi afirmou que muitos prefeitos do PT estão conversando com empresas de seus municípios para ajudar o partido a vencer a dívida de campanha.
Dossiê: PF diz que inquério não apontará o mentor
O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, disse ontem (15) que o inquérito que investiga a tentativa de compra de um dossiê contra políticos tucanos será encerrado sem apontar o nome do mentor da operação. A origem do R$ 1,7 milhão apreendido com Gedimar Passos e Valdebran Padilha, em um hotel de São Paulo em setembro deste ano, também não será apontada, segundo Paulo Lacerda.
De acordo com diretor, dois fatores impediram que a PF desvendasse essas questões: o prazo de 20 dias dado pela Justiça Federal para que a PF entregasse o relatório final do caso e o silêncio dos envolvidos.
"Considerando que o juiz deu o prazo fatal de 20 dias, e que nesses 20 dias não foi possível avançar, nessa etapa, pelo menos, é isso que se infere [que o inquérito será concluído sem apontar o mentor e a origem do dinheiro]", disse Lacerda. "Pode ser que, mais para a frente, no próprio Judiciário, quando for aberta a instrução penal, esses fatos sejam elucidados. Vamos ver", complementou.
O diretor da PF esteve ontem em Cruzeiro (221 km a nordeste de São Paulo), para acompanhar o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, na inauguração de um juizado especial federal cível.
"A Polícia Federal tem feito todo o esforço para elucidar completamente esses fatos. No entanto, ficou num impasse na medida em que depende da prova testemunhal. Como se sabe, não apareceu ninguém para informar os donos daquele dinheiro", afirmou o diretor.
Paulo Lacerda, conforme reportagem de Fábio Amato, da Folha Online, também informou que o relatório do delegado Diógenes Curado, da PF de Cuiabá, a ser entregue à Justiça até o dia 22, vai apontar as provas levantadas até agora do envolvimento de Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas, Hamilton Lacerda, Expedito Veloso, Gedimar Passos e Valdebran Padilha na negociação e tentativa de compra do dossiê.
"Cada um deve ser responsabilizado no limite de sua participação", concluiu Lacerda.
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