Roseann Kennedy
Ao que tudo indica, o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) fez escola. O problema é que a seriedade do aprendizado é questionável.
Diante da indefinição do Supremo Tribunal Federal sobre a Lei da Ficha Limpa, candidatos ao Senado que tiveram registro negado na justiça eleitoral podem recorrer à manobra utilizada por Roriz e colocar parentes para disputar as eleições em seus lugares.
O assunto está em discussão nas campanhas, mas a orientação geral tem sido para esperar até o último minuto e,isso, por enquanto, significa quarta-feira, quando o STF vai se reunir para resolver se arquiva o recurso de Joaquim Roriz ou se dá prosseguimento por causa da dimensão do assunto.
Um dos que analisam a opção é o tucano Cássio Cunha Lima. No lugar dele, a escolhida seria Sílvia Cunha Lima, com quem é casado.
Informações de bastidores dão conta de que o plano B também é discutido por Jader Barbalho, do PMDB, e Paulo Rocha, do PT. Os dois, que renunciaram para escapar de processos de cassação, disputam uma vaga no Senado pela Pará.
Oficialmente, os assessores das duas campanhas negam que a alternativa esteja sendo estudada. Mas essa foi a mesma postura de Joaquim Roriz até horas antes de anunciar que a própria mulher o substituiria.
Uma jogada política de mestre, que vem se confirmando com a propaganda eleitoral que prega o voto no “casal 20” numa referência ao número do partido de Roriz.
Entre tantas coisas absurdas da nossa ainda atrasada legislação eleitoral, elaborada de forma corporativa no Congresso Nacional, essa é mais uma a se lamentar.
Em primeiro lugar nunca deveria ter existido possibilidade de renunciar para manter direitos políticos. Em segundo, também não deveria ser permitido a um político abrir mão da candidatura e colocar substituto somente porque foi impugnado.
Substituir por caso de morte, por problema de saúde, faz sentido, mas para proteger uma vez mais um político sujo, embora legalmente possível, é inadmissível.
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