O vocalista Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, causou polêmica no Twitter ao atacar o escritor e jornalista Marcelo Rubens Paiva, que o citou para exemplificar como os brasileiros são desinformados sobre os crimes cometidos pela última ditadura militar (1964-1985). O comentário de Marcelo foi feito há dez dias, em uma mesa de discussões na Feira Internacional Literária de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, sobre os 50 anos do golpe militar.
“É compreensível que você considere o comunismo legal. Mas daí a me usar de exemplo na Flip foi canalha de sua parte. E errado”, escreveu o roqueiro. Roger também fez referência ao pai de Marcelo, o ex-deputado Rubens Paiva, cujo desaparecimento, em 1971, é um dos maiores mistérios do período da ditadura. Seus restos mortais não foram localizados.
“Sinto muito seu pai ter morrido defendendo o comunismo. Não é motivo para eu ser igualmente perseguido agora por esquerdistas”, publicou o líder do Ultraje. “E tem mais, seu bosta: minha família não foi perseguida pela ditadura. Porque não estava fazendo merda”, acrescentou. Essas mensagens foram deletadas posteriormente. Ao publicar o vídeo com as declarações de Marcelo Rubens Paiva, Roger o chama de “canalha”. “Quem está combatendo a ditadura no momento sou eu. Ditadura marxista cultural. Mas fodam-se. Cada povo tem o país que merece.”
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Na Flip, Marcelo Rubens Paiva citou o líder do Ultraje a Rigor ao lamentar o desconhecimento de muitos brasileiros em relação à ditadura militar. Ele lembrou que, nos anos 1980, o roqueiro fazia música de protestos contra a ditadura, como Inútil, considerada um dos hinos das Diretas Já, mas hoje questiona a perseguição dos militares a civis. “Ele vai até ficar bravo. É meu amigo, escreveu músicas ícones da minha geração e de combate a ditadura, hinos do movimento das Diretas Já”, disse. “Hoje, ele tem reações completamente opostas, e acusa a Dilma de terrorista. Se até pessoas que participaram têm essa confusão, imagina os garotos que moram na periferia de grandes cidades, que não têm acesso”, emendou.
Rubens Paiva
Em março deste ano, em depoimento à Comissão Estadual da Verdade, o coronel reformado Paulo Malhães confessou ter desenterrado a ossada do ex-deputado em 1973. Contou que Rubens Paiva foi torturado e assassinado nas dependências de um quartel entre 20 e 22 de janeiro de 1971. Seu corpo foi enterrado e desenterrado algumas vezes até ter seus restos jogados ao mar no litoral do Rio em 1973, contou o militar. Em seguida, porém, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, o coronel negou ter ocultado o corpo do ex-parlamentar. Admitiu ter participado de torturas e não saber quantas pessoas havia matado. Um mês depois Paulo Malhães foi encontrado morto, por asfixia, em sua própria casa.
PublicidadeEm maio deste ano, a Justiça Federal aceitou a denúncia formulada pelo Ministério Público Federal contra cinco militares acusados da envolvimento na morte de Rubens Paiva. Eles são acusados de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, associação criminosa e fraude processual.
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Como é intrigante que até pessoas com uma certa cultura, ainda fazem confusão com o que aconteceu em 1964, mesmo com ampla e exaustiva documentação sobre o assunto. A frase “A esquerda brasileira optou pelas armas e foi recebida pelas armas” é o maior exemplo disso, e venho lendo essa balela escritas. ou por mentes criminosas tentando justificar o golpe e minimizar suas mazelas, ou repetidas ignobilmente por pessoas que mal se deram ao trabalho de ler sobre o assunto. O golpe militar foi desferido pelo exercito de de Minas Gerais, sob a égide do governo do estado representado por Magalhães Pinto, que apoiado por empresários temerosos das medidas sociais iniciadas por Jango, e ainda por um segundo grupo, financiado pelos Estados Unidos da América, encabeçados pelos Generais, Golberi do Couto e Silva, Costa e Silva, Emilio Garrastazu Medice, Ernesto Geisel, Castelo Branco, e João Batista Figueiredo, na surdina np dia 1 de maio de 1964 “INVADIRAM A CAPITAL DO PAÍS” a fim de derrubar um governo constituído legalmente pelo voto. Portanto não havia ameaça armada de esquerda nenhuma, sendo isso apenas uma mentira deslavada inventada pelos militares para justificar sua nefasta atitude. Tanto que nenhum tiro foi disparado, pois não houve resistência nenhuma, nem por parte do governo, nem pelos suposto grupos de esquerda, pelo menos naquele momento. As primeiras tentativas de resistência aconteceram anos mais tarde, dentro das próprias forças armadas, por sargentos da marinha e do exercito, as quias tinham apenas 17 sargentos que praticamente estavam doentes na serra do Caparaó, e foram facilmente presos por policiais locais. Só nos anos 70 que houve a guerrilha do Araguaia que forneceu uma certa resistência, mas também foi dizimada, dado a total desproporção de contingente entre as duas forças, o que confere o caráter heroico dos rebelados. Nos centros urbanos, o golpe foi de inicio até apoiado pela população e por políticos de oposição a Jango, como Carlos Lacerda,, e inclusive o presidente do senado, que declarou a presidência vaga, e garantiu a posse de Castelo Branco à presidência da República. Porém, os políticos que apoiaram o golpe, não tardaram a sentir o “tiro no pé”. O que era pra ser um mandato de 1 ano, transformou-se numa ditadura de mais de 20 anos, com o impedimento de eleições diretas, para presidente, governadores e senadores; fechamento do congresso nacional, cassação dos direitos políticos, ignorância total ao código penal, código do processo penal, e da justiça em sua total excelência. E mais, perseguições, sequestros ilegais, torturas inenarráveis, mortes obscuras, não só de militantes políticos, más de seus parentes e de pessoas totalmente inocentes. Estabeleceu-se o controle total dos meios de comunicação, fazendo a máquina trabalhar exclusivamente com propaganda anti-golpe, e escondendo todos os crimes políticos da época, além de divulgar atentados idealizados pelo próprio governo, e imputados a grupos de esquerda, como foi o exemplo o caso Para-Sar e o atentado ao Rio Centro. O brasileiro é um povo extremamente sagaz e inteligente, porém peca por rechassar a sua própria memória, e é bom sempre que possível, relembrar as atrocidades do passado, para que não se repita novamente.
Obviamente não sou a favor de nenhum modelo de ditadura (nem a do passado nem da atual) e aquele modelo opressor brasileiro foi um modelo mundial, adotado tanto pelas esquerdas quanto pelas direitas. Na URSS a esquerda foi a opressora, na Alemanha a direita virou esquerda radical com Hitler e oprimiu ao extremo, na Itália o que aconteceu? Na Argentina? Uruguai?
Mas tudo foi com o aval do povo, seja por ação ou omissão. A esquerda brasileira optou pelas armas e foi recebida pelas armas, em outro flancos a diplomacia, o protesto e o argumento, mesmo que indireto ou escondido prevaleceram. 99,99999 população brasileira não conheceu nem viu opressão, senão pelos jornais e rádios e nem entendiam as artes subliminares. As ditaduras (governo x milícias) foram quase que exlusivas da classe média universitária (elite da época) contra um sistema não desejado por eles. Foi a classe média quem fomentou os desejos dos militares e foi a classe média que combateu os militares. Pobres morriam de tanto capinar lavouras e ordenhar vacas de madrugada.
Artistas? ah! os artistas faziam shows para as multidões e, assim como hoje só falam de sexo, naquele tempo atemática eram as armas eos bruxos da direita opressora, nada mais do que um show…. de rebeldias e irreverências.