O ex-assessor especial do presidente Michel Temer (MDB), Rodrigo Rocha Loures, apresentou à Polícia Federal (PF) uma versão diferente daquela narrada pela empresa Rodrimar sobre sua atuação nas tratativas do Decreto de Portos. De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, Rocha Loures afirmou que as empresas “imaginavam” que ele era um interlocutor do governo sobre a questão, mas que isso não correspondia à realidade. A Rodrimar afirmou que ele fazia parte de um grupo destacado para negociar as regras que beneficiaram o setor.
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O ex-deputado ficou conhecido como o “homem da mala” ao ser flagrado em vídeo correndo com uma mala contendo R$ 500 mil. Ele prestou depoimento à PF em novembro do ano passado. Com a divergência do relato do executivo da empresa Ricardo Mesquita, que afirmou à PF em junho que Loures era “um importante interlocutor”, a suspeita é de que o ex-assessor esteja minimizando sua participação nas negociações da tramitação do texto.
O decreto que ficou conhecido como “decreto dos portos” foi editado em maio de 2017 e ampliou os prazos de contratos de concessão para 35 anos (antes eram 25), com possível prorrogação por até 70 anos. A Rodrimar opera em duas áreas no porto de Santos (SP) e teria sido favorecida em troca de propinas, negociação que supostamente contou com intermédio de Rodrigo Rocha Loures, que atualmente está em regime de prisão domiciliar.
Segundo a reportagem do jornal, Loures afirmou no depoimento que conheceu representantes do setor, Mesquita entre eles, em 2013, “por ocasião da discussão da lei dos portos”. Depois, só voltou a ter contato com o assunto com a chegada da minuta do decreto à Casa Civil, em 2017. Para ele, as empresas viam no então assessor um grande poder de interlocução com Temer, “o que afirma que não era verdadeiro”. Loures também afirma que não recebeu orientações especiais para que acompanhasse a tramitação do decreto.
Loures confirmou à PF ter se reunido “em algumas ocasiões” com Mesquita, que era representante da associação de terminais portuários, mas que apenas recebia informações sobre a tramitação. Em junho, o empresário afirmou que as reuniões “tinham frequência praticamente semanal, visando à atualização quanto a tramitação do novo marco regulatório”.
No início do ano, em 3 de janeiro, a PF encaminhou a Temer um questionário com 50 perguntas no âmbito da investigação. O emedebista pretende responder a todas as questões – Temer não é obrigado a responder as questões. Além de Temer e Loures, também são investigados no inquérito os empresários ligados à Rodrimar Ricardo Conrado Mesquita e Antônio Celso Grecco. Todos eles são acusados de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. Outros investigados são o coronel aposentado da Polícia Militar e sócio da Argeplan João Batista Lima Filho, o subchefe para Assuntos Jurídicos de Temer Gustavo Do Vale Rocha, o ex-assessor e amigo de longa data de Temer José Yunes, o ex-empresário e delator da JBS Ricardo Saud e o empresário Edgar Safdie.
<< Leia a íntegra da reportagem da Folha de S. Paulo
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