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Nesse ponto do texto, a publicação britânica cita depoimentos feitos pelo ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) à Polícia Federal. Sob regime de delação premiada, Delcídio afirma que Dilma tentou obstruir a operação em curso e que, a exemplo do ex-presidente Lula, sabia do esquema de corrupção na Petrobras. A saída de Dilma Rousseff, diz a Economist, “ofereceria ao Brasil a oportunidade de um novo começo”.
O veículo britânico também faz uma análise sobre os movimentos de rua e menciona o recorde de pessoas marchando constantemente contra o atual governo – até 6 milhões de pessoas, segundo as estimativas mais elevadas, participaram dos atos do dia 13 deste mês. Já sobre a mobilização a favor do governo, a edição afirma que os simpatizantes do PT “varreram as ruas do país em apoio ao seu líder em apuros”. Entretanto, pondera que antes mesmo das multidões se dispersarem, Dilma foi surpreendida pela suspensão da nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil. Para a Economist, “assim terminaram as 72 horas mais estranhas na história recente do Brasil”.
“A reputação de seu antecessor, uma vez reverenciado, está em farrapos. A reputação do juiz que conduz a investigação Petrobras, Sérgio Moro, foi danificada também. O país, que está sofrendo sua pior recessão desde a década de 1930, está irritado e perplexo”, enfatiza a reportagem. “A indicação de Lula parece uma tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça. Mesmo que isso não fosse sua intenção, esse seria o efeito. Esse foi o momento em que a presidente escolheu os limitados interesses da sua tribo política por cima do Estado de Direito”, acrescenta a publicação, que avalia que o impeachment é a única alternativa para Dilma.
Futuro
Na matéria, outro ponto enfatizado pela equipe do Economist são as quebras de alianças entre os partidos que compõem a base do governo no Congresso Nacional. Foram analisados o PRB, o PP – que também ameaça deixar de apoiar o PT – e, em destaque, surge o PMDB. A revista pondera que esta seria a maior preocupação de Dilma no momento. A edição menciona, inclusive, o cenário que pode ser herdado pelo vice-presidente Michel Temer caso o impeachment se concretize.
“Ele iria herdar uma confusão. PIB deverá diminuir em 4% em 2016, pelo segundo ano consecutivo; a inflação de mais de 10% e a redução dos salários reais; a taxa de desemprego quase dobrou desde 2014. Um em cada cinco jovens brasileiros está sem trabalho; economistas alertam para uma ‘geração perdida’. O Brasil não é Venezuela: algumas indústrias orientadas para a exportação estão prosperando graças à moeda fraca. Mas para a maioria das empresas e dos trabalhadores a perspectiva é sombria”, pontua a revista ao considerar que a confiança do brasileiro só será retomada quando o governo conseguir reduzir o déficit orçamentário.
A The Economist traz detalhes sobre a economia do país e aponta que os juros elevados têm empurrado a dívida pública do Brasil a um nível “insustentável”, alcançando cerca de 70% do Produto Interno Bruto. O editorial afirma ainda que, apesar de o mercado empresarial enxergar possível melhora da economia com Temer no comando do governo, os brasileiros não “compartilham esse entusiasmo”, e explica que seis deputados do partido do vice-presidente, o PMDB, são investigados pela Lava Jato, citando os presidentes do Congresso, Renan Calheiros (AL), e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ).
Confira a íntegra da matéria publicada pela revista britânica The Economist
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