À medida em que avança a apuração dos votos das eleições presidenciais mexicanas, maiores são as incertezas em relação ao desfecho do processo eleitoral. Conforme os dados divulgados até este momento pelo Instituto Federal Eleitoral (IFE), o candidato conservador Felipe Calderón (PAN, apoiado pelo atual presidente, Vicente Fox) está com 36,37% dos votos. O candidato de esquerda Andrés Manuel López Obrador (PRD) tem 35,40%, enquanto o arquiconservador Roberto Madrazo (PRI) recebeu 21,52% dos votos apurados.
Os resultados não apenas confirmam o empate técnico apontado pelos institutos de pesquisa por meio de levantamentos em boca-de-urna realizados ontem como também mantêm vivo o acirramento entre as forças políticas em confronto. Os três principais candidatos reativaram os portais de campanha que haviam criado na internet, reeditando assim o clima eleitoral das últimas semanas.
A estreita diferença entre Calderón e Obrador já levou o IFE a anunciar que não terá condições de anunciar o nome do candidato vitorioso antes de quarta-feira. Normalmente, o órgão divulga o vencedor horas depois de encerrada a votação, após fazer uma apuração dos votos por amostragem, por meio do chamado Programa de Resultados Eleitorais Preliminares (Prep). Os boletins divulgados até o momento referem-se exclusivamente aos números do Prep.
Leia também
Desta vez, os resultados preliminares não permitem conclusões definitivas e o presidente do IFE, Luis Carlos Ugalde, já declarou que só anunciará o resultado após “a contagem do último voto”.
Segundo o jornal mexicano El Universal, fontes do instituto – que é a autoridade eleitoral máxima do México – informaram que o anúncio talvez só ocorra no domingo ou, na melhor das hipóteses, na sexta-feira.
Tensão no ar
O fato, ressalta o jornal, “despertou preocupação em relação ao que se considera um iminente período de instabilidade política e econômica no país”. Tais temores aparecem na edição de hoje do principal jornal econômico norte-americano, The Wall Street Journal, para o qual a divisão ocorrida nas eleições poderia conduzir o México a um “longo período de incertezas”.
O diário inglês Financial Times, mais influente jornal de economia do mundo, menciona a preocupação de que os conflitos pós-eleitorais possam “lançar o país no caos”, enquanto o norte-americano The New York Times identificou sinais de “crise eleitoral” nas declarações feitas na madrugada de hoje por Obrador e Calderón. Ambos declararam-se vencedores da disputa presidencial. Falando para milhares de pessoas durante uma concentração na capital mexicana, Obrador chegou a dizer: “Querem escamotear nosso triunfo”.
Conforme o site do El Universal, políticos do PAN, do PRD e do PRD deram início a conversações reservadas para tentar botar água fria na fogueira pós-eleitoral. Até porque, seja qual for o vencedor, ele será incapaz de governar sem um entendimento com os adversários.
Confirmando as previsões das pesquisas de boca-de-urna, os dados preliminares divulgados até agora mostram que o novo Congresso será dividido pelos três partidos em partes quase iguais. Está assim a contagem dos votos para a Câmara dos Deputados: Partido da Ação Nacional (PAN), 33,71%; Partido da Revolução Democrática (PRD), 29,07%; Partido Revolucionário Institucional (PRI), 27,58%. Até o momento, os números são quase os mesmos para o Senado: PAN, 33,93%; PRD, 29,83%; e PRI, 27,34%.
Está confirmada a vitória, por ampla margem, de Marcelo Ebrard Casaubon (PRD) para prefeito da Cidade do México. Segundo o Prep, ele teve 47% dos votos, quase o dobro do candidato do PAN, que ficou em segundo lugar.
Deixe um comentário