Juarez Cruz *
Parece que foi do doutor José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e advogado na defesa do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a autoria da expressão “golpista” para fazer a defesa e assim taxar quem votou a favor da cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff. Com este discurso repetido seguida e exaustivamente, assim como fez Joseph Goebbels, ministro da propagando do regime nazista que dizia que uma mentira dita muitas vezes viraria uma verdade, virou uma febre nas redes sociais e nas manifestações públicas promovidas por entidades, sindicatos e movimentos sociais contrários ao impeachment e encampados pelo PT, PCdoB, PSOL e por alguns candidatos nas eleições municipais, que usaram este mote à exaustão, como se isso ajudasse a elegê-los.
Não quero aqui tratar mais deste assunto, que considero letra morta – o resultado daqueles que resolveram se guiar por essas linhas tortas foi a derrota fragorosa nas urnas. Mas quero aqui mostrar minha solidariedade ao senador Cristovam Buarque, político e homem honesto, digno, probo, culto e de reputação ilibada e inquestionável, até mesmo pelos seus adversários, se é que ele os tem.
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Nesta semana duas netas do Senador Cristovam Buarque, uma de seis e outra de dez anos de idade, foram molestadas por crianças na escola em que elas estudam com expressões tipo “Cristovam é um canalha”, “golpista”.
Companheiros do PT, PCdoB e outros afinados com o discurso de “golpista”, vocês parecem que estão enlouquecidos pelo fato de perderem o poder, de perderem o que ganharam ao longo dos últimos treze anos, e se revoltam contra isso. A culpa foi do PT, a culpa foi de Lula e Dilma, que fizeram o contrário do que preconizaram quando não estavam no poder, quando estavam na oposição, que era a defesa da ética, contra a corrupção, contra o empreguismo, fisiologismo. Quando estiveram no governo fizeram tudo ao contrário, inclusive metendo a mão no ninho da galinha dos ovos de ouro.
Golpe foi fazer o que o PT fez durante os treze anos no poder; manteve a direita no poder durante seu governo, além de não promover nenhuma reforma estrutural, com priorização aos bens sociais: educação, segurança, saneamento e saúde.
A elite. Há! Esta elite tão repudiada pelo PT, PCdoB e outros apaniguados, ela continuou rica e mais rica do que nunca no governo petista. Segundo entrevista do Frei Betto ao jornal Valor Econômico, a direita/elite nunca deixou o poder (Henrique Meirelles foi do Banco Central, gestão Lula; Joaquim Levy, veio do Bradesco e foi vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); e as empreiteiras Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, UTC Engenharia, sem falar das demais empresas amigas.Em um ano, a “bolsa juros”, que é o que o governo paga aos portadores de títulos da dívida pública, representa 15 anos da “Bolsa Família”. Dos 14 milhões de famílias que recebem esta última precisam de 15 anos para ter o que as famílias ricas (cerca de 5 milhões) abocanham em apenas um ano.
A cantiga de Lula e do PT de que a pobreza acabou neste país é uma mentira: em 2015 o país contava com 73.327.179 de pobres, ou seja, 36% da população total. Como diz Frei Betto, ser de esquerda é preocupar-se com a pobreza e a desigualdade social.
Portanto, diante do exposto acima, sair por ai agredindo pessoas ou políticos em locais públicos só porque não combinaram com vocês é de uma sandice, de uma estupidez tamanha que chega a ser criminosa. É inadmissível que crianças, que devem ser da mesma idade das netas do senador Cristovam, estejam sendo usadas pelos seus parentes para disseminar o ódio, o fanatismo radical. Elas não têm idades para assimilar esse radicalismo arcaico, imbecil e retrógrado dos que teimam em manter esse discurso.
Atacar um homem da estirpe do senador Cristovam Buarque, que tem coerência política como poucos têm no Senado Federal, é inaceitável. Possivelmente, amanhã, quando essas crianças puderem discernir sobre o que é certo e errado e vierem a conhecer um pouco sobre a vida do senador, provavelmente se arrependerão e não perdoarão aqueles que abusaram de sua inocência para ferir um homem digno como Cristovam.
É por essas e outras que o PT está perdendo as eleições, está perdendo militantes, está perdendo suas bases e vai perder mais se não fizer um recall no jeito de fazer política, principalmente no jeito de fazer oposição. O PT deve, urgentemente, promover um expurgo radical na cúpula do partido, tirando os “lideres” com viés igual ao dos políticos de direita, incluindo todos os envolvidos na Lava Jato, e abrir espaço para os que se contrapõem a esse modelo de fazer política que se mostrou esgotado nos treze anos da chegada ao poder do partido.
Para finalizar, quero dizer aqui que, do pouco que conheço o grande advogado José Eduardo Cardozo, certamente ele não concorda com essas atitudes, pois acredito que não era sua intenção traumatizar crianças quando criou a expressão “golpista” para cunhar aqueles que não concordavam com a permanência da presidente Dilma no poder.
Em tempo: parabenizo os juízes Edson Fachin, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Luiz Fux e Gilmar Mendes, pelos votos a favor da prisão de réus condenados pela Justiça a partir de sentença de segunda instância. Vale salientar que esse resultado é uma vitória do Ministério Publico Federal e que vai de encontro às duas ações apresentadas pela Ordem dos Advogados do Brasil e pelo Partido Ecológico Nacional.
Só espero agora que algum juiz não resolva contrariar os votos dessa maioria e resolva fazer o que fez o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski quando concedeu uma liminar (decisão provisória) a um prefeito condenado por fraude em licitações e desvio de dinheiro público.
Senhores criminosos, o crime não vencerá a Justiça!
* Escritor e colunista.
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