Rafael Neves
Especial para o Congresso em Foco
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) participou nesta terça-feira (27), na Casa dos Comuns do Reino Unido, em Londres, de uma audiência pública sobre “desinformação e fake news“. Segundo Molon, o vice-presidente de relações institucionais do Facebook, Richard Allan, foi questionado sobre privacidade de dados dos usuários da rede e a responsabilidade da empresa na disseminação de notícias falsas, mas “deu respostas evasivas”.
“Muitas questões ficaram em aberto”, disse Molon.”[Houve] apenas declarações de intenções, [Allan estava] dizendo que reconhece os problemas, que estão trabalhando para encontrar soluções”, afirmou o deputado, que foi convidado para o encontro por ter sido o relator do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/14) na Câmara. Além de Molon, parlamentares de Argentina, Bélgica, Canadá, França, Irlanda, Letônia e Singapura também questionaram o emissário do Facebook.
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Segundo o jornal The New York Times, o Facebook sabia da influência do governo da Rússia nas eleições do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde o início de 2016, mas “foram lentos para investigar o caso”. A reunião, segundo Molon, foi tensa, já que o Parlamento britânico havia convidado por duas vezes o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, para prestar esclarecimentos, mas ele se recusou a comparecer.
Os parlamentares ingleses investigam, segundo Molon, a influência das redes sociais no Brexit, a separação do Reino Unido da União Europeia. “Eles [deputados ingleses contrários à medida] têm a sensação de que o Brexit foi muito influenciado pelo uso das redes sociais e por fake news, desinformação”, relata Molon, que diz ter sustentado, na audiência, que o fenômeno “é, talvez, a maior ameaça para as democracias modernas”.
Sobre a suposta conivência do Facebook na influência russa sobre as eleições norte-americanas, a empresa publicou no último dia 15 que o próprio Zuckerberg disse ao Congresso do país ter deletado as contas ligadas a um grupo de origem russa no Facebook. Chamado de ATP-28, o grupo “criava personas falsas que eram usadas para plantar informações roubadas entre jornalistas”.
Molon acredita que o Brasil foi um dos primeiros países em que se verificou impacto do WhatsApp nas eleições. O deputado crê que o Facebook “ainda não entendeu” episódios verificados no pleito brasileiro.
“Quando ele [o representante do Facebook] respondeu, ele falou sobretudo de empresas que prestam serviço de disseminação de informação no WhatsApp, mas aqui no Brasil não foram empresas. Foram pessoas físicas. Como se fossem pessoas físicas, perfil de pessoa física. Só que com centenas, milhares de listas de distribuição. Grupos que eram formados com números [de celular] sem que as pessoas autorizassem”, acrescentou o deputado.
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