Geraldo Magela/Ag. Senado
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve renunciar em breve ao cargo e pode, caso as denúncias contra ele se agravem, vir inclusive a desistir do mandato. E, escapando da condenação, não terá dificuldades para se eleger novamente. Longe de causar prejuízos ao governo, o afastamento do senador do comando da Casa abre, por outro lado, caminho para a família Sarney.
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É esse o cenário traçado por cientistas políticos questionados pelo Congresso em Foco sobre o futuro da crise disparada pelas acusações de que Renan teria aceitado que o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, pagasse a pensão de sua filha com a jornalista Mônica Veloso.
Para David Fleischer e Paulo César Nascimento, professores da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Luiz Satrapazzon, coordenador da pós-graduação
“O Congresso sai dessa história arranhado porque tudo demorou demais”, avalia Nascimento. “Criou-se, mais uma vez, uma péssima impressão na população. E por quê? Por conta de uma resistência não justificada a uma investigação que poderia ter resolvido a questão de forma muito mais célere se tivessem sido instituído órgãos de investigação independentes e não submetidos à figura de Renan”, completa Strapazzon.
Com a saída de Renan da presidência da Casa, prevê Nascimento, o mais provável é que um dos representantes da família Sarney – Roseana (PMDB-MA) ou o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) – assuma a vaga, o que, segundo ele, não alteraria em praticamente nada as relações do governo federal com o Congresso Nacional.
“A saída de Renan não vai prejudicar as relações do Congresso com o governo ou a governabilidade. Não acredito que o governo federal vá perder capacidade de decisão ou de ação, afinal, existem outras lideranças que farão com que a agenda governamental possa ir em frente”, avalia Carlos Luiz Strapazzon.
Renan é conhecido como um aliado que cobra caro do governo o seu apoio, sobretudo na forma de indicações para cargos públicos. Serve hoje a Lula como já serviu num passado recente aos ex-presidentes Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.
Já um eventual arquivamento da representação do Psol contra o peemedebista é visto pelos especialistas como improvável, porque daria a impressão de que Renan impediu pessoalmente as investigações.
“Tudo indica que o Conselho de Ética vá seguir com as investigações, já que a Polícia Federal mostrou uma pequena discrepância de R$ 500 mil nas contas apresentadas por Renan”, afirma, irônico, David Fleischer, em referência ao resultado de perícia realizada nas notas fiscais apresentadas pelo senador como prova da origem dos recursos entregues a Mônica.
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