A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), relatora do parecer que pediu a cassação de Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que o senador alagoano ainda tem "condições legais" para presidir o Senado, mas que as condições políticas serão discutidas entre os líderes ao longo dos próximos dias.
"A votação de hoje mostrou que a maioria da Casa o absolveu, então ele tem condições legais para presidir, mas as condições políticas são outra história e vão depender dos líderes", disse a senadora.
Muito decepcionada com o resultado da votação, Marisa Serrano disse que o parecer elaborado por ela e por Renato Casagrande (PSB-ES) foi técnico e ao mesmo tempo político. "Levamos em consideração a análise da Polícia Federal na documentação entregue pelo próprio presidente do Senado, mas também avaliamos politicamente o que poderia ser considerado quebra de decoro parlamentar", explicou. Usando um tom irônico, Marisa Serrano disse que os 35 senadores contrários ao parecer e os seis que se abstiveram da decisão tiveram "uma visão diferente" sobre o parecer da Polícia Federal.
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Renato Casagrande, outro relator do processo que investigava as ligações de Renan Calheiros com o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, classificou como "frustrante" a absolvição do presidente do Senado e questionou a autoridade do Plenário do Senado para tomar uma decisão tão importante de forma secreta.
"Nos últimos momentos"
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Marco Maciel (DEM-PE), acredita que a decisão pela absolvição de Renan Calheiros se deveu a "perdas nos últimos momentos". O senador disse que, apesar de não terem aparecido fatos novos nos discursos que preencheram as cinco horas de sessão secreta, sabia que alguns senadores estavam "indecisos" e atribuiu a eles o resultado final da votação.
"Fizemos toda uma mobilização e infelizmente não fomos bem sucedidos. Nos últimos momentos tivemos algumas perdas", garantiu Marco Maciel.
Para o senador José Nery (PA), único representante do Psol na Casa, o resultado da votação vai de encontro "à vontade do povo e a decisões tomadas pelo judiciário". "Houve alguns indecisos, mas, em geral, todos sabiam como iam votar", disse, "mas a luta continua", completou, lembrando que ainda há três representações correndo contra Renan.
Durante a sessão, classificada como tranqüila por senadores dos dois lados, houve apenas um bate-boca entre Renan Calheiros e a ex-senadora Heloísa Helena, presidente do Psol; e entre o presidente do Senado e o senador Demóstenes Torres. (Soraia Costa)
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