O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é acusado de ter feito pelo menos seis vôos em Alagoas, durante sua campanha eleitoral, em 2002, sem pagar pelo serviço, conforme documentos da empresa de táxi aéreo Lug. Segundo a edição desta sexta-feira da Folha de S.Paulo, o senador não declarou o uso de aviões e helicópteros em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral.
De acordo com o ex-procurador regional eleitoral Hélio Telho, a prática caracteriza “caixa dois”, segundo disse à Folha. “Ainda que não implique tráfico de dinheiro”. A empresa Lug pertence ao usineiro João Lyra, de Alagoas, o mesmo que, segundo a revista Veja, foi dono de uma empresa de comunicação no estado em uma sociedade oculta com Renan Calheiros.
Lyra confirmou os vôos realizados pelo presidente do Senado. “Em julho e agosto de 2002, ele usou aeronaves em seis ocasiões, em viagens para o interior de Alagoas”, declarou. Os vôos, segundo a Lug, custaram mais de R$ 10 mil. Cinco foram pagos por João Lyra e um pela Usina Taquara. Renan não quis se manifestar sobre o assunto.
Situação ainda pior
Segundo o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), a situação do presidente do Senado ficou “ainda pior”. Ele ouviu ontem (quinta, dia 16) o usineiro João Lyra, em Maceió, por quase três horas. Lyra, ex-aliado de Calheiros, entregou a Tuma documentos que comprovariam a participação de um primo do senador alagoano, Tito Uchoa, como laranja na compra de um grupo de comunicação.
Romeu Tuma diz que é preciso ter cautela na análise dos documentos. Renan Calheiros, ao longo desta semana, rebateu as acusações de João Lyra, inclusive da tribuna do Senado. Renan o acusa de várias irregularidades, apesar de terem sidos muitos próximos num passado não muito distante. (Lucas Ferraz)
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