Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou agora há pouco que a votação de seu processo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve ser adiada para a próxima semana. Caso esse prognóstico seja confirmado, a oposição terá motivos para comemorar: quanto mais tempo persistir o impasse sobre o futuro de Renan na Casa, mais chances há de a PEC da CPMF não ser aprovada, devido ao “mal-estar” causado entre os senadores pelos sucessivos escândalos envolvendo o senador alagoano.
Segundo seus assessores, Renan acredita que o relator da matéria na CCJ, Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado, deve apresentar seu relatório na próxima quarta-feira (21), com pedido de vista apresentado logo em seguida por outro membro da Comissão – prerrogativa regimental que adiaria a votação para a próxima semana. O senador amazonense foi designado hoje (19) pelo presidente do colegiado, Marco Maciel (DEM-PE), para a relatoria do caso. E sabe que a falta de definição sobre o futuro de Renan pode atrapalhar os planos do governo para a aprovação da PEC.
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Na última quarta-feira (14), foi aprovado, no Conselho de Ética, por ampla maioria (leia), o relatório em que o senador Jefferson Péres (PDT-AM) recomenda a cassação do senador, como era esperado. Segundo fontes ouvidas pelo Congresso em Foco, Péres é tido como “implacável”, e não iria facilitar as coisas para Renan – e logo no processo em que as denúncias são consideradas mais consistentes. Nessa representação, o peemedebista é acusado de adquirir empresas de comunicação em Alagoas por meio de “laranjas”, o que configuraria quebra de decoro parlamentar.
A assessoria de Renan também informou que ele desautoriza qualquer pessoa a falar sobre sua renúncia à presidência da Casa, negando tal possibilidade. Entretanto, ele já teria admitido que seria inviável seu retorno ao comando do Congresso. Na iminência do fim do prazo da licença de 45 dias, anunciada no dia 11 de setembro pelo próprio Renan, cogitou-se entre seus colegas a possibilidade de renovação do afastamento por mais 45 dias, o que ele também negou por meio de sua assessoria. Ele sabe que, caso continue afastado do posto, pode perder força política junto aos seus pares às vésperas da votação da CPMF em plenário.
Renan negou também os rumores de que estaria em curso um "acordão" entre oposição e governo para salvar seu mandato. De acordo com o acerto, cuja negociação está em curso, o senador renunciaria à presidência do Senado e, como compensação, teria seu mandato preservado pelos senadores na famigerada seção secreta de votação em plenário.
A assessoria também disse desconhecer a hipótese levantada hoje no Senado, de que Renan Calheiros distribuiria aos senadores um “memorial” contendo sua defesa para todas as denúncias apresentadas desde o primeiro processo aberto no Conselho de Ética (pagamento de despesas pessoais por lobista, em que já foi absolvido). Segundo seus assessores, Renan sequer tratou deste assunto, por ser uma questão restrita aos senadores, sem o intermédio da assessoria de imprensa. (Fábio Góis)
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