O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apresentou hoje (24) sua defesa para a terceira representação a que responde no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, empregando a tática de que a melhor defesa é o ataque. No texto, o senador alagoano pede que sejam periciados os documentos apresentados pelo usineiro João Lyra, seu acusador no processo (ele afirma que Renan foi seu sócio na compra de veículos de comunicação por meio de “laranjas”). Renan pede também uma auditoria nas contas bancárias de Lyra.
De acordo com a denúncia de Lyra, um primo do senador, Tito Uchôa, teria sido um dos laranjas utilizados no negócio da compra dos veículos, que envolveu a aquisição de duas rádios e jornais em Alagoas.
A defesa, que tem 35 páginas, também tenta desqualificar a imprensa, notadamente a revista Veja, que publicou diversas reportagens de capa, no transcorrer do ano, sobre supostas irregularidades praticada por Renan Calheiros. Ele alega que a denúncia se baseia em reportagens da revista e de outros veículos, o que evidenciaria a falta de consistência das acusações. A propósito, a Veja é alvo de processo aberto pelo senador na Justiça.
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Baseados nas denúncias de Lyra, os partidos DEM e PSDB protocolaram representação contra Renan no Conselho de Ética, que tem a relatoria do senador Jefferson Péres (PDT-AM). Na semana passada, Péres relatou à imprensa suas dificuldades em encontrar dados substanciais que legitimem o pedido de cassação de Renan nesse caso, mas que está tentado reunir a maior quantidade de informações possível sobre o caso.
Assassinato
Em um ponto delicado da defesa, assinada pelos advogados Davi de Oliveira Rios e José Fragoso Cavalcanti, Lyra é acusado pelos assassinatos de um servidor da Secretaria de Fazenda de Alagoas, Sílvio Viana, e de um suposto amante de sua ex-mulher, de nome não revelado.
Crimes tributários e intriga política como razão das denúncias também são atribuídos ao usineiro na defesa. Diante do quadro, os advogados alegam que Lyra não poderia acusar ninguém por ser “inidôneo”.
Renan Calheiros nega categoricamente todas as acusações que constam da representação. Afirma que nenhum dos documentos apresentados por Lyra tem sua assinatura – o que de fato foi comprovado por Jefferson Péres – e que apenas intermediou a compra dos veículos para o usineiro, sem que tenha sido sócio no negócio.
O Congresso em Foco tentou falar com o senador por telefone, mas até a publicação desta matéria ele não havia retornado as ligações. (Fábio Góis)
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