Um relatório da Polícia Federal (PF) concluiu ser “necessária” a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do presidente Michel Temer (MDB), bem como de outros investigados, “para uma completa elucidação” das suspeitas sobre o envolvimento do presidente no favorecimento de empresas do setor portuário em troca de propina. A informação foi publicada pelo Jornal O Globo na manhã desta quarta-feira (31).
A apuração que recai sobre Temer é a de que a Rodrimar e outras companhias do setor portuário teriam sido beneficiadas por meio da publicação de um decreto de 2017, que aumentou o prazo dos contratos de concessão de áreas portuárias, beneficiando as atuais concessionárias.
O pedido feito por analistas da PF não cita nominalmente o presidente, mas recomenda ao delegado Cleyber Lopes, que conduz o inquérito sobre Temer, obter histórico de chamadas telefônicas, informações fiscais e também bancárias “de pessoas jurídicas e físicas mencionadas nos inquéritos”, o que inclui o peemedebista. “O delegado Cleyber Lopes já solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o compartilhamento desse inquérito antigo, já que as suspeitas que recaem sobre o presidente são semelhantes à investigação que está em andamento”, afirma a reportagem.
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A investigação sobre Portos foi aberta após interceptações telefônicas flagrarem conversas entre um diretor da Rodrimar, Ricardo Mesquita, e o ex-deputado e ex-assessor de Temer Rodrigo da Rocha Loures (MDB), com teor voltado para o decreto. O decreto 9.048/2017, chamado de Decreto dos Portos, foi editado em maio do ano passado e teria favorecido a Rodrimar em troca de propinas.
Além de Temer, Loures e Ricardo Mesquita, também são investigados no inquérito sobre a Rodrimar o empresário ligados à empresa Antônio Celso Grecco, o coronel aposentado da Polícia Militar e sócio da Argeplan João Batista Lima Filho, o subchefe para Assuntos Jurídicos de Temer Gustavo Do Vale Rocha, o ex-assessor e amigo de longa data de Temer José Yunes, o ex-empresário e delator da JBS Ricardo Saud e o empresário Edgar Safdie.
“Para embasar a recomendação das quebras de sigilo, os analistas citam fatos que precisam “de aprofundamento”, como transações imobiliárias do coronel João Baptista Lima com offshores ligadas a envolvidos em fraudes e inconsistências nos depoimentos de Loures e Mesquita. Lima é acusado de ter recebido propina em nome de Temer”, diz a reportagem de Bela Mengale e Aguirre Talento.
O texto afirma ainda que a recomendação dos analistas também atinge os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco. Os dois aparecem como investigados em outro inquérito citado no relatório — um desdobramento da delação da J&F. O processo está em segredo de Justiça.
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