Além do luxuoso apartamento e do carro importado de última geração, o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mullhollan, também usou dinheiro público em supermercados e mercearias. É o que mostra levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo e publicado na edição de hoje do jornal. De acordo com a reportagem, foram gastos pelo reitor R$ 69.721,99 em estabelecimentos como, entre outros, Carrefour, Pão de Açúcar, Tigrão e Oba. Ou seja, o dinheiro teve destinação bem diferente da definida pelas regras da universidade e do bom senso que deve reger seu dirigente.
Segundo a matéria do veículo paulista, de 2004 a 2006 o cartão corporativo do reitor gastou pouco menos de R$ 13 mil, juntando as despesas dos três anos. Ou seja, quase seis vezes menos do dispêndio registrado apenas em 2007.
O reitor também deu uma passadinha para compras em lugares mais elitizados, como a delicatessen La Palma, a confeitaria Monjolo – especializada em biscoitos, tortas, bolos e demais quitutes sofisticados – e a padaria Pão Italiano, só para citar alguns. Isso seria um claro indício de que Mullholland, ao fazer tais compras, estaria fazendo uso pessoal do cartão, quando deveria ser institucional, voltada para as necessidades que seu cargo geram.
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A matéria do Estadão informa que parte desses gastos foi feita pelo assessor do reitor, Wilde José Pereira, segundo o qual os gastos serviram “para atender à determinação da universidade de comprar produtos para a organização de recepções, encontros e homenagens da reitoria a diversas autoridades”. O jornal informa ainda que, em 2007, Wilde fez um rombo nos cofres públicos de R$ 22.912,65, além de uma fatura de R$ 1.497,43 declarada no Portal da Transparência já para na prestação de contas de 2008, mas que na verdade era de dezembro de 2007.
Devido às denúncias do Ministério Público contra o uso irregular do dinheiro público por parte dos dirigentes da UnB, uma liminar foi expedida ontem (16) pela desembargadora Nídia Correa Lima, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), determinando o afastamento por tempo indeterminado de cinco diretores da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), fundação vinculada à Universidade de Brasília (UnB) criada em 1992 para fomentar a pesquisa científica e tecnológica. O reitor ainda permanece no cargo, mas as pressões para sua saída vêm crescendo nos últimos dias.
Também ontem, o edifício onde funciona a Fundação em Brasília foi cercado pela polícia militar. (Fábio Góis)
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