Em apenas uma semana o PDT perdeu suas três principais lideranças no Distrito Federal: os senadores Cristovam Buarque e Reguffe e a presidente da Câmara Legislativa local, Celina Leão.
Como antecipou o Congresso em Foco, Cristovam deve confirmar sua filiação ao PPS na próxima segunda-feira (22). A legenda pretende lançá-lo como candidato à sucessão de Dilma Rousseff.
Nesta quarta-feira (17), Reguffe e Celina anunciaram a desfiliação do partido criado pelo ex-governador Leonel Brizola. Reguffe entregou pessoalmente ao presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, carta na qual diz ter tomado a decisão “por discordar da reiterada posição do PDT de apoio ao governo federal”. Cortejado pelo PPS, pela Rede Sustentabilidade e pelo PSDB, ele pretende ficar pelo menos um ano sem filiação partidária.
Celina, assim como Cristovam, seguirá para o PPS. Ela diz que está saindo do PDT por influência da dupla de senadores. “Fui convidada para entrar no PDT pelos dois senadores. Com a saída deles, passei a me sentir desconfortável no partido”, justifica a deputada distrital.
Embora o PDT integre a base governista, Cristovam e Reguffe sempre tiveram atuação independente no Senado e com frequência votam junto com a oposição.
Independência também é uma palavra que Celina gosta de usar ao se referir às suas relações com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB). Ela afirma que disputará uma vaga na Câmara dos Deputados, apesar de estar sendo cotada para concorrer ao governo distrital com o objetivo de formar um palanque para a candidatura presidencial de Cristovam. “No momento, estou preocupada em trabalhar para a cidade. 2018 ainda está muito longe. Meu projeto número um é ser candidata a deputada federal”, afirma a presidente da Câmara Legislativa.
Mesmo com as três baixas, o PDT brasiliense mantém dois dos 24 deputados distritais, Reginaldo Veras e Joe Valle. E é nesse último, atualmente licenciado do mandato parlamentar para ocupar o cargo de secretário do Trabalho do governo do Distrito Federal (GDF), que a agremiação deposita suas fichas mais valiosas.
Ele é visto por setores do PDT como uma opção para concorrer ao GDF em 2018, de forma a alavancar a candidatura de Ciro Gomes na corrida para o Palácio do Planalto em 2018.
Nesses mesmos setores, aliás, são tratadas com certo desdém as deserções dos principais nomes do partido na capital federal. “Reguffe é um parlamentar que usa o partido apenas para se eleger. Não costuma frequentar as reuniões, tampouco seguir as linhas de ação da legenda. Já Cristovam e Celina têm um projeto político diferente, que passa pela disputa majoritária de 2018, e a saída era inevitável”, diz um influente membro do partido.
Dia de despedidas
No Plenário do Senado, tanto Reguffe quanto Cristovam escolheram a data de hoje (quarta, 17) para comunicar oficialmente o desligamento do PDT.
Reguffe foi brindado com convites, feitos respectivamente pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para se filiar ao PSDB e à Rede Sustentabilidade.
Já Cristovam foi interrompido por 18 senadores, que em apartes ressaltaram que a saída do senador representa uma grande perda para o PDT.
O senador Lasier Martins (PDT-RS) responsabilizou o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, pela desfiliação de Cristovam: “O senador Cristovam Buarque está saindo do PDT pelo absolutismo do presidente do partido, o mandão do partido. E é uma pena lavarmos roupa suja fora de casa”.