“É uma aberração regimental, vamos recorrer ao plenário, vamos à Procuradoria-Geral da República levar uma nova representação”, disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) na tumultuada reunião de hoje (10) do Conselho de Ética. “O que está claro aqui é que enquanto Eduardo Cunha estiver na Presidência da Casa, ele vai usar todos os artifícios que tem para evitar que avance o processo contra ele aqui no Conselho de Ética”, argumentou Molon.
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Na mesma linha, o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) também anunciou que apresentará uma proposta de resolução para afastar Cunha da Presidência da Casa enquanto seu processo no colegiado não for concluído. E explica que, se for aprovada, a resolução evitará que situações semelhantes de interferência voltem a acontecer.
Aliados de Cunha no colegiado reagiram às acusações de que o peemedebista estaria interferindo nos trabalhos do conselho. “É hipocrisia”, disse o deputado Genecias Noronha (SD-CE), afirmando que a verdadeira interferência foi cometida pelo Palácio do Planalto no processo de formação da comissão do impeachment. “Se alguém respirar é manobra do presidente Eduardo Cunha”, ironizou. “Isso é hipocrisia”, completou Genecias. “Não foi interferência”, concordou Manoel Junior (PMDB-PB).
“É esse falso moralismo que quer fazer crer que tudo que está acontecendo aqui é culpa do Cunha”, disse Carlos Marun (PMDB-MS). “Tem gente que está aqui querendo fritar o Cunha, mas a maior interessada nisso é a presidente Dilma. Todos os que estão nesse caminho estão servindo direta ou indiretamente ao governo”, argumentou o peemedebista.
Brigas
Após protagonizar uma discussão que quase chegou às vias de fato com o deputado Wellington Roberto (PR-PB), Zé Geraldo (PT-PA) classificou o fato como “constrangedor” e “exageros desnecessários”. “Foi um ato de constrangimento mas eu acho que o constrangimento maior é exatamente nós estarmos na sexta sessão e estarmos iniciando o processo [de apreciação da representação contra Cunha]. Esse é o fato vergonhoso maior”, disse Zé Geraldo. “Aceito xingamento, aceito tudo, agora não aceito o ato direto de alguém vir botar a mão em mim, isso eu não aceito”, completou.
O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA) anunciou que o parecer do novo relator será lido e apreciado na próxima reunião do colegiado, agendada para terça-feira (15), às 9h30, em uma primeira sessão, e posteriormente às 14h. A relatoria do processo contra Cunha foi assumida pelo deputado Marcos Rogério (PDT-RO) ontem (quarta, 9), e ele já adiantou que votará, como já o havia feito, pela continuidade do processo que pede a cassação do peemedebista.
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