Além do relatório elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator daCPI da Covid-19, ao menos outros quatro senadores confirmaram estar trabalhando na redação derelatórios alternativos para serem apresentados no dia 19, data prevista para entrega do relatório original. São eles os senadoresEduardo Girão(Podemos-CE),Alessandro Vieira (Cidadania-SE) Marcos Rogério (DEM-RO) e Luis Carlos Heinze (PP-RS)
De acordo com as respectivas assessorias de gabinetes, os três relatórios passam pelos ajustes finais para que possam ser apresentados. Marcos Rogério, Luis Carlos Heinze e Eduardo Girão, membros da base governista do Senado, mantêm postura crítica ao senador Renan Calheiros desde o início das atividades da comissão, e consideram parcial a posição do relator, motivando a elaboração de relatórios paralelos.
“Nós estamos, junto com a equipe, trabalhando em outro relatório que possa apontar exatamente o que houve de problemas, e tentar apresentar na próxima semana”, declarou Eduardo Girão. O parlamentar afirma que, além de não confiar na imparcialidade do relator, a redação individual de sua versão do relatório também se deve a falta de apoio em suas orientações para o andamento da CPI. “Eu quis trazer o diretor-geral da Polícia Federal, e os governistas e oposicionistas se juntaram e me derrotaram. (…) Então acho que devemos ir por esse caminho porque estamos com independência e precisamos saber toda a verdade”.
Outro ponto defendido por Girão para elaborar um relatório alternativo se deve ao seu interesse em investigar ações de governadores, especialmente nos estados que compõem o Consórcio Nordeste, autarquia que conta com a participação de Renan Filho, filho de Renan Calheiros. A investigação é um ponto comum com os demais da base governista.
Luis Carlos Heinze já segue outro caminho, onde considera que o governo assumiu uma postura proativa no enfrentamento da pandemia, conforme explicado ao Congresso em Foco. “Estamos escrevendo sobre as vacinas novas que estão em elaboração no Brasil, por 15 universidades bem como sobre os 16 laboratórios que vieram fabricar vacinas, somando ao Instituto Butantan e a Fiocruz pelo trabalho. Também falaremos sobre o tratamento precoce e as vacinas que já foram aplicadas no Brasil, com mais de 300 milhões distribuídas para todo o povo brasileiro”.
As motivações de Alessandro Vieira já dizem respeito à forma do relatório. Para o senador, os tipos penais adotados no relatório de Calheiros não condizem com as investigações. Enquanto Renan Calheiros considera que houve prática de charlatanismo e de genocídio pelo presidente Jair Bolsonaro, Alessandro Vieira acredita que a conduta mais precisa seria de crime contra a humanidade.
Ao contrário dos demais, Alessandro Vieira é membro do grupo de opositores de Jair Bolsonaro no colegiado. Seu relatório não busca tirar a responsabilidade do governo em relação às mortes oriundas da pandemia, mas sim oferecer um texto de teor mais técnico, com, na sua avaliação, maior segurança jurídica para que se alcance o resultado desejado.
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