As promessas que elegeram José Sarney (PMDB-AP) presidente do Senado continuam a deixar a formação das 11 comissões permanentes da Casa. O PTB, que ajudou eleger o peemedebista para o cargo mais alto da Mesa Diretora, quer a promessa de presidir uma comissão poderosa. Mas, agora, os petebistas mudaram o foco das atenções.
Até semana passada, o PTB queria disputar com o PSDB o comando da Comissão de Relações Exteriores. Como mostrou o Congresso em Foco na semana passada, Sarney prometeu a CRE aos petebistas, a quarta-secretaria da Mesa ao PR e a primeira suplência ao PRB. Entretanto, pelo princípio da proporcionalidade no Senado, dificilmente o PTB conseguiria presidir a comissão. Para piorar, duas das três promessas não foram cumpridas. A quarta suplência acabou com o PTB e a primeira suplência com o PR.
Os petebistas, após intensa articulação nos bastidores do Senado, perceberam que a candidatura do senador Fernando Collor de Mello (AL) seria insustentável na CRE. Na falta de acordo, ele iria disputar o cargo com o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no voto. Mas, dentro da comissão, o tucano venceria com uma boa margem de votos.
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Hoje (17) o PTB mostrou seu novo alvo. Agora, o partido quer a Comissão de Infraestrutura (CI) da Casa, que ganhará mais importância ao analisar muitos dos projetos previstos no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo federal. Mas, para isso ocorrer, o PT deveria desistir da posição, coisa que o senador Aloizio Mercadante (SP), líder do partido na Casa, já descartou.
A avaliação de senadores petebistas é que a rejeição a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que assumiria a CI, favoreceria Collor em um embate direto. O DEM já demonstrou que votaria no ex-presidente da República, assim como o PMDB e o próprio PTB.
Mas a articulação é polêmica. Em reunião de líderes da base de governo realizada no fim da tarde de hoje, os senadores não conseguiram chegar a um consenso. A maior parte dos partidos quer ver mantida o critério da propocionalidade. "Nós temos que manter a proporcionalidade. Foi assim para compor a Mesa Diretora, será assim para as comissões", afirmou o líder do PDT, Osmar Dias (PR).
O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), lembrou que a situação foi causada por conta de uma "promessa que não se pode cumprir". Ele se referia justamente às articulações feitas para eleger Sarney presidente do Senado. Para o senador do Espírito Santo, o impasse deve continuar pelos próximos dias, podendo se estender até depois do carnaval.
Caso o PTB consiga a vaga, os partidos com bancadas menores vão espernear por mais espaço no Senado. O líder do PR, João Ribeiro (TO), avisou que defende inicialmente a manutenção da proporcionalidade. "Mas se o PTB conseguir a CI, nós também vamos querer uma comissão", adiantou.
Antes da reunião, Sarney disse, em plenário, que não poderia ser o coordenador das articulações das comissões. "Esse não é o meu papel como presidente do Senado", afirmou. Ele fez um apelo aos líderes que cheguem a um consenso rapidamente. E até comentou que a Casa está na frente da Câmara na discussão. No início da tarde de hoje, os deputados definiram a divisão das comissões por partido (leia aqui). (Mário Coelho)
Notícia publicada às 20h04 de 17/02/2009. Útima atualização às 08h00 de 18/02/2009
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