A coordenação de campanha de Marta Suplicy (PT) à prefeitura de São Paulo deve voltar suas atenções para saber onde a ex-ministra do Turismo perdeu votos nos últimos dez dias da corrida eleitoral na maior cidade do país. A avaliação é do presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP).
Ao contrário do que mostrava até o
levantamento de boca-de-urna, o atual prefeito Gilberto Kassab (DEM) ficou à frente de Marta, com cerca de 50 mil votos a mais. Ele teve 33,61% dos votos, enquanto a petista ficou atrás, com 32,79%.
“Isso foi surpreendente, mas acompanhou a tendência dos últimos dez dias. O Kassab tirou votos do [Geraldo] Alckmin [PSDB]. Num segundo momento, tirou alguma coisa da Marta”, disse Berzoini, na manhã desta segunda-feira (6) ao Congresso em Foco.
Segundo ele, o partido deve avaliar quais segmentos da população deixaram de votar na ex-ministra para apoiarem Kassab. Marta estava de 8 a 6 pontos percentuais à frente do atual prefeito da cidade no início das pesquisas, mas ficou 1 ponto atrás dele ao final da apuração das urnas.
“Precisamos saber qual a mudança de opinião que resultou nesse placar para saber o que dizer e para quem dizer”, avaliou Berzoini.
Televisão
O coordenador da campanha de Marta, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), diz que o tempo de televisão favoreceu Kassab e prejudicou os petistas. “Ele tinha na TV um tempo um terço superior ao nosso. E os outros quatro candidatos passavam o horário criticando a nossa candidata”, lembra.
Ele acrescentou que o atual prefeito ainda contou com o apoio da máquina administrativa da prefeitura.
Eleitores
Berzoini e Zarattini defendem que a estratégia para o segundo turno é correr atrás dos eleitores que votaram em Kassab, Alckmin, Paulo Maluf (PP) e Sonhinha (PPS). Eles defendem a tese de que, na capital paulista, o voto não tem cor partidária.
O PT não deve conseguir apoios dos outros candidatos derrotados. A avaliação é de que o PSDB se una ao DEM e, talvez, aconteça o mesmo com o PPS e o PP. “Do ponto de vista das alianças políticas é pouca coisa. O governo do estado tem muita gente empregada”, provoca Zarattini”.
Mas Berzoini e ele não estão preocupados com isso.
Os dois acreditam que o momento é de aproveitar a igualdade de tempo na TV com Kassab para confrontar propostas e fazer comparações entre a gestão de Marta Suplicy (2000-2004) e a do então prefeito José Serra (PSDB) e Kassab (2004-2008). “Vamos para a base disputar o voto”, diz Berzoini.
Zarattini diz que os programas de qualificação profissional, o investimento de R$ 2 milhões para levar o metrô à periferia e a rede “Céu” de educação, cultura e esporte são os diferenciais do PT para confrontar a gestão PSDB–DEM.
Lula no palanque de novo
Berzoini acredita que há pouca transferência de votos na eleição de São Paulo, seja quem for o “padrinho”: o presidente Lula, o governador José Serra ou o candidato derrotado Paulo Maluf.
Segundo ele, Lula e Serra contribuíram para seus partidos dentro de um potencial de voto já existente para as legendas. Mesmo assim, a presença do presidente no palanque de Marta não está descartada.
“O presidente Lula é óbvio vai estar no palanque”, disse. “Ele colabora no geral, com a liderança aprovada e a economia”, afirmou Berzoini. Mas ele lembrou que isso não é suficiente: é necessário comparar as administrações do PT com o DEM e descobrir os segmentos de perda de votos.
Crítica
Zarattini chegou a criticar as pesquisas eleitorais que mostravam que a ex-ministra do Turismo sairia à frente na disputa do primeiro turno das eleições. “Evidentemente, as pesquisas supreenderam a todos. As pesquisas erraram ardorosamente”, afirmou.
Apesar disso, ele não admitiu que a coordenação de Marta se assustou com o resultado das urnas. Segundo Zarattini, levantamentos de consumo interno do PT já mostravam uma situação próxima do empate com Kassab. (Eduardo Militão)
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