Mário Coelho
Dois meses após a sua criação, a CPI da Petrobras foi instalada no Senado na tarde desta terça-feira (14). A base aliada ao governo Lula ficou com todos os cargos na mesa da Comissão. O petista João Pedro (AM) será o presidente e Marcelo Crivella (PRB-RJ) o vice. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), será o relator.
João Pedro teve os oito votos dos senadores da base aliada. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento de criação da CPI, lançou seu nome como candidato para “marcar uma posição política”. Ele recebeu os três votos que oposição tem na CPI da Petrobras.
A primeira atitude de João Pedro foi indicar Romero Jucá para a relatoria. Antes de entrarem no plenário 2 da CPI, os senadores da base já haviam decidido os nomes que participariam da mesa do colegiado. Depois, o petista marcou para 6 de agosto, às 10h, a primeira reunião da comissão. “[A reunião vai ser] para ouvirmos a proposta do plano de trabalho do relator e analisar os requerimentos”, afirmou o petista.
A discussão aconteceu porque, inicialmente, o peemedebista não queria abrir a possibilidade de os senadores debaterem os cargos da mesa. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse que na última vez na qual os partidos que apoiam o governo ocuparam simultaneamente os cargos de relator e presidente de uma CPI, na do Mensalão, “os fatos se impuseram”.
“Foi um golpe parecido, que teve um êxito em um primeiro momento, mas com resultado funesto”, afirmou o líder do PSDB, protestando pelo fato de a minoria ter um direito negado. Na tentativa de garantir um cargo para a oposição, ele disse que vai sair da relatoria da CPI das ONGs e que a CPI do DNIT “será congelada”.
O líder do PT na Casa, Aloízo Mercadante (PT-SP), rebateu as declarações do tucano. Ele lembrou que foi “minoria por 25 anos” e que em todas as CPIs propostas enquanto o esteve na oposição, o PT nunca teve qualquer cargo nas comissões. Ele citou a CPI do Futebol, que foi presidida pelo tucano Álvaro Dias e teve como relator o ex-senador Geraldo Althoff (na época filiado ao antigo PFL).
Indicado pela oposição para presidir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que a resistência à instalação do colegiado não se deu em razão da ausência de fatos determinados e relevantes. E que outras denúncias surgiram mesmo depois dos fatos elencados no requerimento que dá origem à comissão, em razão unicamente do trabalho de investigação jornalística feito pela imprensa.
Álvaro Dias disse ainda que uma “CPI chapa branca” não irá contribuir para resgatar a imagem e o conceito do Senado como instituição. E garantiu que a oposição pretende agir com “responsabilidade e patriotismo” na comissão. “A empresa não pode ser aparelhada em nome de um eventual projeto de poder. O objetivo da comissão é colocar a empresa no patamar de qualificação técnica e profissional que sempre a conceituou nacional e internacionalmente”, discursou.
Ao entrarem no plenário, cheio de parlamentares, assessores e jornalistas, os senadores já deram uma mostra de como o clima deve esquentar durante as sessões da CPI. Tanto que Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Paulo Duque (PMDB-RJ), que presidia a sessão por ser o membro mais antigo do colegiado, chegaram a bater boca nos microfones. O peemedebista chegou a afirmar que resolveria a situação “lá fora” com Guerra.
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